Quem dança na beira do abismo não tem medo de errar os passos

Há uma parede que me impede de sentir o vento gelado do abismo. Uma parede rígida que só existe na minha mente. Eu danço nas pedras soltas, pois sei que se eu errar o passo, a morte é só um detalhe. Mas, e a vida? Qual a cor da sua parede e qual o ritmo ressoa no corpo? Escrevo metáforas. Só eu sei que parede é essa. E onde está o abismo.

Quando me canso, me sento. Balanço as pernas na beiradinha e lá em baixo, no fundo do abismo, caem os restos da parede frágil que quebrei. Porém, não demora, já brota outra que quase me empurra pra finitude das coisas. Eu não sei qual o meu lugar preferido para dançar. Não sei quantas vezes cansada me sentei vendo cair os cacos.

O vento gelado do abismo me avisa que o movimento mantém o corpo quente. Nem sempre sinto eles. Nem sempre me aqueço direito. Dançar na beira do abismo é pra quem sabe voar. Fechar os olhos é entender que os erros ficam no passado. Mas, que a queda sempre resulta em caos. Eu não sei dançar. Nem sei pintar paredes. Só consigo gritar ao nada e ter de volta o eco distorcido.

Gênia Fernandes
Enviado por Gênia Fernandes em 17/09/2024
Reeditado em 17/09/2024
Código do texto: T8153911
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