Quando Chegar a Visita do Ceifeiro

Quando o Ceifeiro bater à minha porta,

onde estarei? Sob o céu, ao relento?

Ou talvez entre quatro paredes,

num silêncio que ecoa o esquecimento?

Quem atará minhas mãos, desfeitas de vida,

com laços de saudade ou de medo?

E quem ousará fechar meus olhos cansados,

se neles o mundo já não mais vejo?

Talvez, quando vier, não haja lamento,

apenas a sombra suave de um adeus.

O vento sussurrará nos cabelos dos vivos,

enquanto me desfaço nos braços de Deus.

Chegará a hora, sem pressa ou aviso,

e o tempo já não terá o mesmo valor.

O Ceifeiro, sereno, fará sua colheita,

e a morte será apenas um novo sabor.

Onde estarei? Talvez não importe.

Nas memórias dos outros, ainda estarei lá.

Minhas mãos atadas, meus olhos cerrados,

mas meu espírito, enfim, livre estará.

Jeremias Santos
Enviado por Jeremias Santos em 14/09/2024
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