A Cadeira

Estava eu, após uma um hiato de solitude e permeio, buscando lazer naquele que um dia foi um endereço de satisfação e boas memorias, reuniões calorosas conversas entretidas, leves e um tanto indiretas.

Buscando atender o estimativo de auto cuidado, me forcei a estar na presença de um todo ainda que me sinta só, assim como quem se sente deslocado, eu desloquei todos de minha perspectiva, busquei entender meu espaço e trouxe minha consciência apenas para meu foco.

Após comprar o que comer e beber, um lugar para me acomodar procurei e próximo a um som que me desagrada fiquei, um contrario em ritmo e batidas do que eu me propus a ouvir quando optei sair, levantei e buscar um outro canto para ficar eu fui, sem sucesso regresso, e minha mesa fora tomada por outro que ali precisava, sem alternativas e preso ao local por ter de aguardar algo que solicitei da cozinha, eu pensei, "será que alguém se dispõe a me ceder um lugar?"

Em uma cidade com tantas pessoas mas todas tão ocas a esperança era muito incerta, difícil e desestimulante, até que... eu encontrei alguém promissor... em meio a tantos grupos de amigos, casais temáticos, mulheres acompanhadas, rostos antipáticos, faces fechadas, posturas erradas... eu vi um alguém que por mais que em cores estivesse similar, chamava minha atenção assim como eu e minha jaqueta branca em meio a tanto escuro e preto.

Ela tinha os cabelos ruivos, seu pele era branca como uma neve (que jamais vi), seus óculos tinham uma forma que enaltecia seu rosto, suas calças contrastava com sua paleta... por 1 segundo eu esqueci a motivação de eu estar em pé, pensando me perguntei e conclui "o que faz alguém tão bela sozinha, em certeza ela aguarda alguém ou seu namorado, não há porquê tentar lhe fazer companhia" entretanto complementei "é a única pessoa com quem eu posso me sentar, não tenho escolha senão perguntar"

Em Direção a ela eu fui, sem muita confiança mas coragem eu me dirigi: "oi, tudo bem? eu tô esperando meu pedido, você se importa de eu te fazer companhia?" vibrando terminei de falar, desconfiado eu olhei para ela e ansioso pelo não (que não veio) eu esperei;

- Sim, ela disse

- Obrigado, eu agradeci

Eram apenas 20:40 da noite e eu me senti no planeta de Miller, só que diferente de a dilatação temporal ser causada por uma anomalia astrofísica, ela se causou por eu ter conhecido um alguém cujo o qual submarino algum conhecido pelo homem seria capaz de se aprofundar, sua mente, forma de se expressar, conhecimento, sapiência, inteligência, experiencia, modo de pensar, psicanalisar, psique eram muito além do que eu um dia me preparei para dividir companhia, eu me preparei para ver um show de musica e o espetáculo estava na minha frente, palestrando por horas e minha capacidade de perceber o tempo foi severamente afetada... eu senti ali que eu tinha encontrado ouro como quem atuou em Serra Pelada, tantas pessoas ao meu redor e ninguém percebeu aquela joia a minha frente, eu era a pessoa mais sortuda por ter seu tempo e atenção, admirado tanto fiquei, que nem tentei fitar-te ou flertar-te, te ouvir já era uma gigante satisfação... até que em minhas expressas conversas e trocas eu ouvi elogios leves e sinceros "seus olhos são muito bonitos", eu disfarcei e desconversei, não era capaz de agradecer por reconhecer minha aparência, eu que estava apaixonado pelo que não se vê, em outro momento ela mais corajosa que qualquer uma que eu poderia conhecer, disse: "eu queria beijar sua boca"... desconcertado, assustado, quebrado eu não tinha muito como reagir, não sabia como me render a aquele gesto, aquele pedido. Tentei torna-lo especial, memorável, conduzi suas mãos, apertei seu braço, juntei-me a tua presença, olhei-te terno e me permiti conduzir para tua direção para te aguardar me tocar, sua boca selada a minha eu conduzi a experiencia e massageei teus lábios com os meus, quando suspirei para te ver... eu estava encantado, leve e descordado, talvez a química explique minha pessoa com melhor qualidade, talvez a física a atração de dois corpo, talvez a matemática explique a probabilidade e progressões que se escondem por trás do nosso encontro, a ciência explique a fugacidade de sair para ver algo que te entretém, mas nenhuma disciplina explica o que aconteceu o que aconteceu conosco aquela noite, eu me senti tocado, usado, percebi que o mundo a minha volta não gira em torno de mim e nem minhas escolhas, que tudo acontece quando algo ou alguém quer, pois eu jamais seria capaz de crer que aquela que me cederia uma cadeira, não só me acolheria para sua companhia como me prenderia a mente em sua pessoa,... Hoje faz 2 dias que a conheci e não sei ser capaz de negar meus sentimentos e desejos, não sei conduzir minha pessoa e inspiração, ela me mudou e me tomou, eu já não sou mais que eu era, fico triste de não ter sido por mim que veio minha volta mas feliz que finalmente encontrei alguém que tinha antes somente em concepção e idealização. Eu sou fraco e incapaz de reconhecer... o quanto eu gosto de você, eu queria ir com calma e devagar mas a verdade é que eu já não tenho mais como conter minha pessoa, não sou capaz de negar sua companhia e nem consigo não contar as horas para te ver novamente. Seu perfume, sua boca, suas falas me enchem de intensidade, sua conexão me cerca e me aquece, não tenho como fugir do que sinto.