Sociedade do desempenho
Era uma vez uma sociedade do desempenho
que mantinha em cativeiro um sem-número de reféns.
As estrelas regentes dessa sociedade eram:
Autoexploração, Medo, Angústia e Pressão.
No comércio local, os cidadãos entregavam artigos de luxo, tais como paz e tempo, em troca de dinheiro e poder.
Todos andavam com as cabeças encurvadas
e olhos muito vermelhos de tanto encarar um objeto brilhante colado em suas mãos.
Esse objeto parecia sugar suas almas.
No meio da avenida principal, um sujeito maltrapilho gritava: “Sois escravos ou senhores de vossos tempos”?
Silêncio ensurdecedor.
O tal sujeito foi atropelado por uma multidão de pés.
Ninguém o viu, tampouco o ouviu.
Seus olhos não enxergavam nada para além da palma de suas mãos.
E em seus ouvidos, estranhos objetos sonoros abafavam o som dos pássaros
e a voz dos loucos.