Masculinicídio.

Imaginem as três seguintes situações:

1. Dois homens estão voltando pra casa à noite. Não é tão tarde, mas já não é tão seguro andar pelas ruas, ainda mais quando têm que passar por um viela estreita, pouco iluminada e sem vivalma. Quando estão no meio do percurso, das sombras, surge um assaltante armado com um punhal. Os amigos não conhecem o meliante, nem este conhece os homens. O assaltante calculando os riscos pensa que um punhal é muito pouco para assaltar dois homens, pois mesmo que ele fira um o outro vai conseguir atacá-lo e será muito difícil dominar dois homens, mesmo armado com um punhal; então ele vê que tomou a decisão errada ao sair da escuridão por não perceber que eram dois homens e decide fugir.

2. Duas amigas estão voltando pra casa à noite. Não é tão tarde, mas já não é tão seguro andar pelas ruas, ainda mais quando têm que passar por um viela estreita, pouco iluminada e sem vivalma. Quando estão no meio do percurso, das sombras, surge um assaltante armado com um punhal. As amigas não conhecem o meliante, nem este conhece as mulheres. O assaltante calculando os riscos pensa que nem vai precisar de um punhal para assaltar as duas mulheres, pois mesmo que elas o ataquem, ele se desvencilhará delas muito fácil, e mesmo que não consiga segurar as duas e uma fuja, ainda conseguirá assaltar a outra, ou fazer coisa pior. Ele tem vantagem, ainda que sejam duas contra um.

3. Um casal está voltando pra casa à noite. Não é tão tarde, mas já não é tão seguro andar pelas ruas, ainda mais quando têm que passar por um viela estreita, pouco iluminada e sem vivalma. Quando estão no meio do percurso, das sombras, surge um assaltante armado com um punhal. O casal não conhece o meliante, nem este conhece o casal. Ele só quer assaltar. Contrariamente ao pensam muitos filósofos contemporâneos, ele sabe que o homem tem mais força física que uma mulher. Então, calculando os riscos e decidido a não perder aquela abordagem, ele decide atacar o homem, pois é o único do casal que pode oferecer alguma resistência e conseguir frustrar o assalto, podendo até causar-lhe algum dano físico. Então, atacado, o homem tenta se defender do assaltante utilizando as armas que tem, os braços, pois foi tomado de surpresa e não teve tempo de pegar qualquer coisa que servisse para defesa. O homicida assaltante não se importa de matar, ainda mais que a vítima decidiu lutar, e ele consegue ferir o homem, que resiste, mas é apunhalado algumas vezes, e acaba caindo. A mulher corre, mas o assaltante homicida, ao contrário dos citados filósofos, sabe que o homem também é mais veloz, e corre para alcançar a mulher, e alcança. Daí em diante, ela está sob o domínio dele.

Perguntas:

1. Existe a possibilidade do assaltante, ao abordar o casal, matar a mulher por temer que ela impeça o assalto, em vez de matar o homem?

2. O crime de feminicídio diz "contra a mulher por razões da condição de sexo feminino", ou seja, a mulher é morta apenas pelo fato de ser mulher, portanto, o homicida tem que necessariamente desconhecer a mulher, não pode ter qualquer vínculo de conhecimento com ela. Portanto, alguém já viu notícia que divulga homicídio onde alguém simplesmente matou uma mulher sem que não tenha tido antes um relacionamento com ela e, portanto, o crime foi decorrência de desentendimento relacional?

3. Não é bem mais comum o homicídio onde alguém mata um homem (como ilustrado na história número 3) apenas por ser homem, sem conhecê-lo, mas apenas por saber que ele pode oferecer resistência e até ferimento?

4. Se existe feminicídio, não deveria existir masculinicídio, que, conforme os exemplos dados, seria bem mais plausível de acontecer?

Argumentos a favor e contra serão bem-vindos. O debate favorece o crescimento intelectual.

Cláudio Araújo
Enviado por Cláudio Araújo em 31/08/2024
Código do texto: T8141367
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