O Tecedor

Hoje, teci esperanças como quem tece vestimentas para outros vestirem. A lã que escolhi, tampouco serviu para dar os pontos. Ficou tudo cheio de nó, não havia escolha a não ser deixar o trabalho de lado e tentar tecer outras formas de se ver o que estava em minha frente.

Pois então, tentei outra abordagem (direta e indireta). Deixei as roupas de lado, ao invés de ficar no material que estaria a se concretizar, foquei nas ideias que vieram a brotar, como sementes que tendem a germinar. Novamente, num caminho difícil, me vi sem respostas. Quando se está num vendaval ou numa tempestade, não conseguimos enxergar muito adiante, só conseguimos ver o que está ali, diante dos nossos olhos, e é nisso que tentamos focar. Amanheceu, entardeceu e anoiteceu. Muito dos problemas nunca foram meus, mas sempre estiveram nos meus, e não havia força ou prece que curassem aquelas feridas que há tanto estavam abertas, e o tecedor de lã sequer encontrava respostas para aquele enigma posto para si.

Como enfrentar o que não é nosso e ao mesmo tempo faz parte de nós?! Como escrever versos inversos que desatem esses nós?!

Como fazer com que cada um fique bem consigo a sós?!

Como estancar as feridas que não fecham?! Como enxugar lágrimas que não cessam?! Como encontrar paz em meio a dor ?! Como enxergar esperança quando não vemos amor ?!

Como seguir em frente sem andar pra trás?! Como voar no mais alto quando as asas não batem mais ?! Como ?!

Que um dia, a busca de um caminho nunca cesse, que a paz nos atravesse com o amor que resplandece. O tecedor há de tecer os mais belos sonhos (no tentar), e quando conseguir "tecer a dor", talvez esteja próximo do mais belo e infindo amor.

OBS: pensamento que compus em em 08/06/2020.

Em reflexões de encontros e desencontros, percebo que a ausência da expressão tem feito eu me distanciar de mim mesmo. Acreditem, isso mexe com a gente de uma forma imensurável, o capitalismo nos massacra e viramos reféns deste sistema. Ou fazemos isto ou aquilo, e assim, seguimos caminhando...