Labirintos da Alma: Entre a Sanidade e a Loucura

Soube, por íntima revelação, que a eternidade não nos seria concedida; e, contudo, no seio dessa mesma eternidade ilusória, interroguei-me, por vezes com desespero, por que razão haveria de existir tal desconformidade entre o desejo e a realidade. Os caminhos que percorremos, frequentemente áridos e solitários, banhados por uma tristeza inescapável, conduzem-nos, em última análise, a que lugar? Tais veredas do espírito trazem consigo algum alívio? Serão, porventura, a resposta àquilo que, em silêncio, procuro no mais recôndito da alma?

Ah, quantas perguntas emergem, como espectros a assombrar as decisões que tomamos! Tantas variáveis, inicialmente volúveis, se tornam, com o tempo, constantes inamovíveis, por força de uma insistência teimosa ou, quem sabe, por mera conveniência. Mas, pergunto-me ainda, com a seriedade de um filósofo atormentado: estarei eu, de fato, experimentando a verdadeira felicidade? Ou será esta felicidade apenas um delírio efêmero, um engano dos sentidos, que se rende aos prazeres passageiros do mundo exterior?

No final, mesmo após tantas indagações, não cesso de me questionar: sou eu, acaso, um caso emblemático para a ciência da alma, um enigma para o psicólogo que, ao tentar desvendar-me, encontra-se diante de um espelho? Ou será que essa incessante necessidade de acreditarmos em nossa singularidade nos transforma, a todos, em loucos, iguais em nossa suposta diferença? A busca pela própria identidade, por vezes, assemelha-se a uma obsessão, um labirinto de incertezas onde a sanidade e a loucura se confundem, como duas faces de uma mesma moeda.

hewie
Enviado por hewie em 26/08/2024
Código do texto: T8137089
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