Gente da verdade

Eu que vim da roça e sempre quis sair de lá. O sonho de ir para a capital, cidade grande. Neguei minhas origens até a última gota do sumo. Eles são ignorantes, não tem curso superior. Não sabem falar, nem escrever. Lá, claro era craro; glória era grória. Queria a erudição da capital, a verdadeira filosofia, queria quase a Grécia toda, as festas e tudo mais do século XXI.

O caroço da semente de jabuticaba virá sempre jabuticabeira. Encontro-me onde o pensamento crítico é desmatado e a sabedoria é adubada. Aprendi com a mais rica ignorância o significado da coisa. A coisa mais importante do mundo.

Parece que Freud anda mais vivo entre as estacas de eucalipto e arame farpado. Tudo ali existe, como existe no mundo, em todas as épocas. Feito a boca, que pede água quando está seca, é necessário retornar ao começo. Obtive a lucidez, agora tudo está craro. E é ali, entre o galinheiro e o fogão a lenha que me encontro gente.

Matheus Fagundes
Enviado por Matheus Fagundes em 22/08/2024
Reeditado em 23/08/2024
Código do texto: T8134664
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