Teu cheiro.

Fêmea.

Exuberante mulher.

Deixa-me beber da sua fonte onde nasce o elixir da vida mundana.

Que se acaba em seus braços madrugada adentro.

A luz neon na rua de chão de paralelepípedos molhados, apresenta uma noite fria.

No bar, luzes não tão claras, escondem nas mesas encardidas e toalhas sujas, homens e mulheres perdidos na noite fria.

Sem rumo.

Sem amor.

Estão sozinhos e tem medo de sair, pois a solidão da noite irá doer muito mais quando o vento frio em seus rostos pálidos e tristes bater, sem dó nem piedade.

Olhar melancólico para o horizonte.

Esperam toda a noite por um amor que nunca chega.

E não chegará!

Retornam para seus buracos que chamam de lar, onde, entre as paredes já sujas pela ação do tempo, guardam lembranças em que tentam amenizar a dor.

Lembranças de tórridas noite de amor, onde a cumplicidade da mulher amada lhe esperava perfumada e sensual.

Hoje, não mais existe, somente um fio de lembrança ficou.

Termina aos prantos sorvendo a última dose do seu scotch preferido.

Dorme.

Chora.

Clama novamente pensando que o alguém que tanto espera irá ouvir.

Não!

Ninguém ouvirá!

Abre a janela e observa o astro rei levantando-se soberanamente no horizonte.

O mesmo ato ele faz.

Levanta, banho frio e sai em busca do amor perdido.

Dele mesmo.

Mais ninguém.

 

Mendes Neto
Enviado por Mendes Neto em 21/08/2024
Reeditado em 26/08/2024
Código do texto: T8134018
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