Teu cheiro.
Fêmea.
Exuberante mulher.
Deixa-me beber da sua fonte onde nasce o elixir da vida mundana.
Que se acaba em seus braços madrugada adentro.
A luz neon na rua de chão de paralelepípedos molhados, apresenta uma noite fria.
No bar, luzes não tão claras, escondem nas mesas encardidas e toalhas sujas, homens e mulheres perdidos na noite fria.
Sem rumo.
Sem amor.
Estão sozinhos e tem medo de sair, pois a solidão da noite irá doer muito mais quando o vento frio em seus rostos pálidos e tristes bater, sem dó nem piedade.
Olhar melancólico para o horizonte.
Esperam toda a noite por um amor que nunca chega.
E não chegará!
Retornam para seus buracos que chamam de lar, onde, entre as paredes já sujas pela ação do tempo, guardam lembranças em que tentam amenizar a dor.
Lembranças de tórridas noite de amor, onde a cumplicidade da mulher amada lhe esperava perfumada e sensual.
Hoje, não mais existe, somente um fio de lembrança ficou.
Termina aos prantos sorvendo a última dose do seu scotch preferido.
Dorme.
Chora.
Clama novamente pensando que o alguém que tanto espera irá ouvir.
Não!
Ninguém ouvirá!
Abre a janela e observa o astro rei levantando-se soberanamente no horizonte.
O mesmo ato ele faz.
Levanta, banho frio e sai em busca do amor perdido.
Dele mesmo.
Mais ninguém.