A Rainha da Persistência (e da Inconveniência)
Imagine-se no papel de uma mosca doméstica. Você vive em um mundo onde a decomposição é seu restaurante cinco estrelas. Eu sei, não é exatamente uma cena de filme gourmet. Mas, se há algo que a mosca sabe fazer, é persistir. Não importa quantas vezes você a espante, ela volta. E volta. E… volta.
Essa obstinação, que às vezes nos faz perder a paciência, esconde uma lição valiosa: a vida é sobre nunca desistir, mesmo quando tudo parece estar desmoronando ao seu redor – literalmente, no caso das moscas. Elas não têm medo da sujeira; pelo contrário, mergulham de cabeça nela e fazem dela seu lar.
Durante os estágios médios a avançados da putrefação de um cadáver, essas moscas são atraídas pelo odor fétido da decomposição e se tornam agentes de reciclagem natural, depositando seus ovos em tecidos mortos. As larvas que emergem desses ovos se alimentam do material orgânico em decomposição, acelerando o processo de degradação e transformando a matéria morta em nutrientes para o ecossistema. E ainda viram letra de música do Raul Seixas, mas não é só na sopa não, o que tiver destampado também serve.
Enquanto todos nós queremos evitar as partes “feias” da vida, a mosca nos mostra que até mesmo naquilo que evitamos pode haver propósito. Afinal, se não fossem as moscas, quem cuidaria de reciclar a natureza? Então, da próxima vez que uma delas fizer uma visita indesejada, respire fundo e lembre-se: essa persistente criatura está apenas cumprindo seu papel essencial na grande engrenagem da vida. Lógico, não precisa se jogar no lixo para refletir sobre a vida, meu povo.