Acidez
Não estranho tua distância, tampouco julgo tua atitude. No teu lugar, não faria questão igualmente. Não sei em qual camada decidi esfarelar, mas fiz e faço com frequência. E nesse ritmo, mesmo que involuntariamente, corroo também o que me cerca. Porque, por mais que esteja assim agora, nem sempre me encontram nessa forma. A casca rotineira cumpre lindamente o papel que propõe, abre infinitas possibilidades de ser e não ser quando se bem entende. Além da inverdade, é como se fosse um refúgio de si. Mas onde há abrigo quando as rachaduras se tornam constantes e incontroláveis? Como fugir quando se observar pela fresta deixa de ser escolha e se torna obrigação?
Pra onde correr quando a própria acidez te consome?
Pode se enganar dizendo que não quer ajuda, não precisa de um conselho ou é indiferente aos vínculos afetivos. Pode gritar aos quatro ventos que nasceu e vai morrer só. Se quer escolher viver uma vida por dia, vai em frente. No final, tudo se resume na quantidade de camadas formadas, espessura da casca que te abriga e como é processada a fusão dos sentimentos com os sentidos. Com sorte, essa miscelânea não vai arrancar nenhuma lágrima pelo caminho.
Mas isso é sobre hoje, amanhã pode ser diferente...