Encontros

Falar em alma gêmea talvez seja ingênuo e romântico demais. Isso porque não sei se existe alguém feito sob medida para nós. No entanto, podemos falar sobre universos que se encontram. E universos são amplos e diversos. Universos são ímpares e particulares. Sou um universo, com minhas intrínsecas e singulares características. E você também é outro universo, com as próprias possibilidades e particularidades. De maneira que, ao nos encontrarmos, precisaremos aprender a conviver com nossas diferenças. Terei que abrir espaço em mim para acolher aquilo que é seu e você também, caso nossa intenção seja a de manter alguma profunda ligação, terá que abrir espaços em seu coração para acolher aquilo que carrego comigo. Não quer dizer que deixaremos de ser quem somos. Nem quer dizer que nos extinguiremos que para que caibamos completamente um no outro. Quer dizer apenas que, para nos pertencermos, precisaremos ceder.

“Há universos que se pertencem e quando eles se encontram, eles se reconhecem” (Alexandro Gruber)

Para esse reconhecimento, no entanto, é necessário que nos livremos de nossas muitas lentes para contemplarmos o outro com mais nitidez, caso contrário só veremos aquilo que queremos e esperamos ver. E esses universos não se tratam necessariamente de parceiros românticos que finalmente decidem construir uma vida juntos. Você já deve ter conhecido alguém que se tornou um grande amigo em tão pouco tempo e vocês não conseguiam explicar a magnitude da conexão que se formou entre seus corações. Universos que se reconheceram. Universos que se encontraram. Universos que se uniram.

Perceba, entretanto, que não é tão simples assim para que esses encontros aconteçam. Mencionei diferenças querendo apontar para possíveis divergências. E são elas que necessitamos superar se quisermos construir uma vida na qual o outro tenha um lugar. Infelizmente, contudo, muitos têm dificuldade ao silenciar seus egos sempre tão envaidecidos para que o outro seja acolhido em sua singularidade. Não entendem que é necessário, se quisermos manter as pessoas das quais gostamos em nossas vidas, abaixarmo-nos de vez em quando para que elas se revelem e sejam aceitas. Surgem os impasses. Surgem as dificuldades para que diálogos se mantenham e a companhia um do outro seja desfrutada plenamente. Esses universos, então, começam a se distanciar até que nada mais os mantenha ligados.

Cuide para que a conexão com quem importa não acabe perdida. Isso porque há conexões que custam para ser reparadas. E há conexões que nunca mais poderão ser restabelecidas, restando aquele espaço vazio em nosso coração. Isso porque as pessoas que amamos não são facilmente substituíveis. Uma coisa é quando decepções amargas nos distanciam. E outra coisa é quando por nossa imaturidade não conseguimos manter quem importa por perto. Resta o arrependimento e a dor por termos deixado partir quem precisava ficar. Que antes do arrependimento você desperte para o fato de que, sim, é desafiador nos mantermos ligados, sobretudo por sermos esses universos tão diversificados, mas é extremamente recompensador saber que, apesar dos pesares, nada nos fez deixar de nos pertencer!

(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)