Sinaleiro
Paro o carro no sinaleiro.
Um homem de meia idade, com a pele desgastada do sol, vem andando em minha direção.
Desvio o olhar.
Digito palavras inexistentes em meu smartphone.
Ele insiste no contato. Põe-se ao meu lado. Faz um gesto de pedir com as mãos.
Sorrio e digo: hoje não.
Constranjo-me. Culpo-me em silêncio.
Antes os meus olhos não tivessem cruzado com os dele.
Seria mais fácil, ou talvez não.
Piso no acelerador. Ligo o rádio. Abafo a voz da minha consciência e arrisco uma canção.