Sinaleiro

Paro o carro no sinaleiro.

Um homem de meia idade, com a pele desgastada do sol, vem andando em minha direção.

Desvio o olhar.

Digito palavras inexistentes em meu smartphone.

Ele insiste no contato. Põe-se ao meu lado. Faz um gesto de pedir com as mãos.

Sorrio e digo: hoje não.

Constranjo-me. Culpo-me em silêncio.

Antes os meus olhos não tivessem cruzado com os dele.

Seria mais fácil, ou talvez não.

Piso no acelerador. Ligo o rádio. Abafo a voz da minha consciência e arrisco uma canção.

Mariana Asevedo
Enviado por Mariana Asevedo em 09/08/2024
Reeditado em 10/08/2024
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