Eita língua, hein!

Já não há mais privacidade, ela não sai daquela janela, mesmo de longe é possível vê-la ali estirada no seu costumeiro contorcionismo a cada som emitido, e parece não se incomodar com as circunstâncias umidificadas e, por vezes, gosmentas, que predominam no ambiente em que se encontra e insiste tanto em permanecer.

 

Algo precisa ser feito:

Fechem a janela, por favor!

 

O contexto diz respeito a uma crítica bem-humorada e incisiva sobre a invasão de privacidade, personificando essa "língua" que parece estar sempre por perto, observando tudo. A imagem dela "estirada no seu costumeiro contorcionismo" é muito visual e traz uma sensação de desconforto, como se essa presença estivesse sempre à espreita, pronta para captar cada movimento.

 

A referência às "circunstâncias umidificadas e, por vezes, gosmentas" adiciona um toque de humor e desconforto ao mesmo tempo, e chama a atenção para aquelas situações desagradáveis que podem surgir quando não temos controle sobre o que nos rodeia, e, geralmente, não o temos mesmo.

 

Ao final, um estridente apelo para se "fechar a janela" é poderoso e direto. Mais, até, que um simples pedido - quase que uma clara exigência - para que se protejam os limites pessoais e a privacidade, algo que muitos de nós desejamos em um mundo tão exposto.

 

Nas entrelinhas, revela-se o cunho crítico social, permeado de especial leveza, o que torna a leitura bastante agradável sem que haja perda do impacto pretendido.