AMAR NO AMOR
Na maioria das vezes, encontramos o verdadeiro amor sem reconhecer o momento em que começa, mas sempre reconhecendo o momento em que termina. Começamos enganando a nós mesmos com um beijo, e terminamos, fora de sintonia, enganando os outros. Mas, quando sentimos o amor não queremos perdê-lo, embora, só o amor nos sobreviva.
Quando amamos alguém combinamos compreensão e mal-entendido confiando nessa pessoa e compartilhando nossas vulnerabilidades e segredos, alheios que devemos estar preparados para se machucar, pois os riscos que assumimos ao nos apaixonarmos são inúmeros e assustadores.
Como se não houvesse reflexos de amor além daqueles que recebemos das pessoas que amamos, nossos relacionamentos amorosos se tornam em espelhos de nosso interior, prejudicando uma visão realista de nós mesmos. Se julgarmos o quão amável somos com base nas observações de alguém que não conseguimos amar sem mágoa, teremos uma impressão modificada e imprecisa de nós mesmos.
Ironicamente aqueles a quem amamos profundamente são os que mais podem nos magoar quando o relacionamento azeda e se voltam contra nós. São, também, aqueles que podemos magoar.
Como juntar os pedaços, quando aqueles a quem amamos partem nosso coração? Não adianta chorar e gritar, nada parece amenizar a mágoa ou acalmar a saudade que sentimos. Sofremos no silêncio mais alto de todos. Pensamos que estamos fisicamente feridos, padecendo mais de imaginação do que sentindo a realidade. Nessas horas, o amor dói, fazendo parecer que onde existe o amor habita a dor.
A dor intratável se transforma em angústia e a angústia da alma em desespero, agonizante e concentrada, parece nos arrastar para baixo pelo peso imenso de amar em vão.
O espelho do amor reflete o brilho da imagem quando espelha valor e fica opaco quando isso não ocorre. Punimos quem amamos com raiva e ressentimento, não pelo que fazem, mas por não gostarmos de nossos reflexos no espelho.
O único caminho é parar de perceber a dor emocional como um castigo infligido por outra pessoa e aprender a agir com uma motivação interna como um sinal para curar, corrigir e melhorar, pois, podemos amar com compaixão uns aos outros, sem ferir.
Não amamos menos um lugar por ter sofrido nele. Portanto, precisamos abrandar a dor, esquecer o sentimento de desânimo e encontrar coragem para lutar por nossa dignidade e sobrevivência.
Demais, o perdão devolve o riso e a leveza em nossa vida, significando que a dor acaba na cicatriz, quando a ferida é curada, fechada e acabada.