Estou Buscando a Mim Mesmo?
Quantas vezes, em um infindável exercício de reconstrução, hei de me desdobrar, dispersando meus fragmentos na tentativa de alinhá-los em uma narrativa coerente e satisfatória? Cada pedaço que recolho e tento encaixar, na esperança de que tudo se harmonize em uma tapeçaria de acertos, parece multiplicar-se, desafiando minha persistência e paciência. Nessa incessante busca por conformidade, questiono-me se alguma vez alcançarei a completude desejada ou se essa labuta é, por si só, uma condenação à eterna incerteza.
Aflige-me a dúvida sobre o momento exato em que desvendarei a natureza dos meus acertos, se é que eles, de fato, existem. Será que um dia, em meio a essa caótica dança de fragmentos, descobrirei a ordem que verdadeiramente me define? A certeza, tão almejada, permanece esquiva, deixando-me imerso em um mar de questionamentos e hesitações. Até quando persistirei nessa jornada, perseguindo uma resposta que talvez nunca se revele com clareza?
Há, também, o inquietante pensamento de que, possivelmente, acertei em todos os momentos, mas o que sou não deveria ser, ou melhor, a própria essência do meu ser talvez esteja destinada a um estado de perpétua indeterminação. Essa reflexão insidiosa corrói minhas certezas, minando a confiança nos passos que dou e nas escolhas que faço. Afinal, se o erro e o acerto são faces de uma mesma moeda, como discernir a verdadeira natureza de cada decisão?
Ademais, pondero sobre a possibilidade de que tantos pedaços foram espalhados que o ato de reunificá-los tornou-se uma missão impossível. Talvez a multiplicidade de minhas partes, ao invés de serem elementos de uma completude, representem um labirinto sem saída, onde a busca incessante apenas revela mais caminhos a seguir, sem jamais alcançar uma conclusão satisfatória. Essa proliferação de fragmentos transforma a minha jornada em uma contínua luta contra a dispersão.
Assim, permaneço nesse estado de eterna reconstrução, questionando a validade de cada esforço empreendido e a autenticidade de cada fragmento que tento encaixar. A certeza que busco parece sempre um passo adiante, um horizonte que se desloca à medida que avanço. E nesse perpétuo movimento, a reflexão sobre a natureza do meu ser e a incessante busca por completude transformam-se na própria essência da minha existência, um enigma que talvez nunca encontre resolução definitiva.