O Desabafo.

O Desabafo.

Deus veio até mim.

Na sua chegada, pediu-me licença para desabafar, para chorar o infortúnio da sua criação, e, lamentar seus erros em vão. Falou-me sobre suas intenções, na desatenção de dar-nos livre arbítrio, do próprio arbítrio de nos prover inteligência.

Sem entender, não conseguia imaginar tamanha desordem num universo tão pequeno, tamanhos sentimentos tão insignificantes diante de um universo vasto, e, o porque de tantos por ques por tão pouco. Relatou-me sobre sua ira que enfurecia a natureza, suas motivações rente as religiões de poderes numerários, ou, da sua vontade de fechar de vez seus olhos.

Deus pediu-me uma taça do vinho, sorriu meio sem graça ao relembrar glórias de outrora antes dos seres humanos, da beleza natural da fauna e flora, apesar das forças brutas nas formações, nada se comparado com a estupidez humana dando mais um gole para descer tal burrice.

Chorou, uma lágrima quase inexistente, quase imperceptível, entre soluços perguntou-me se não estava incomodando com seus desabafos, pois, eu fazia parte de toda lamentação. Pediu-me desculpas, sabia que havia entre o muito seres arredios, aqueles que procuravam entender seu mundo de forma clara, mas que, escurecia como o dia, baixou a cabeça, segurou minha mão, desta vez as lágrimas fizeram-se aparentes, e, levantando o olhar para o céu como se procurasse algo maior, disse:

- Senhor, perdoe-me! Eu não sabia o que estava fazendo. Apostei tudo que tinha na humanidade, feri a terra por ego, matei o amor por acreditar no meu amor pelo universo, e, destruir a beleza pela beleza de ser Deus...

Dito isso, levantou, pediu mais uma vez licença para partir, agradeceu por ter-lhe ouvido, tomou mais um gole e partiu. Eu fiquei absorto vendo-o partir, sem entender o porque de todo momento, refletindo sobre minhas ações perante o universo, das palavras mal ditas sem entender os motivos reais, dos segundos de pensamentos mau dirigidos, por sentimentos pequenos infindáveis, e, compreendi o quanto minava toda beleza dada pela dádiva de estar vivo...

... Então,... Chorei.

Texto: O Desabafo.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 18/07/2024 às 09:12

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 18/07/2024
Código do texto: T8109378
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