PELAS TRILHAS DO PENSAMENTO
Aquele olhar distante que olha mas não vê,
Reflete a sombra de um ser que se oculta em nós.
É como fitar um espelho e ver outro,
Um estranho habitante de nossas próprias memórias.
Sentimos-nos múltiplos, cativos do passado,
Presos em sonhos e lembranças desvanecidas.
Esse olhar, cego para a realidade tangível,
Ignora as verdadeiras conquistas e vitórias silenciosas.
Perde-se na transmutação incessante da alma,
Navega sem rumo em mares de introspecção.
Busca incessantemente, mas nunca se encontra,
Pois fez do efêmero o alicerce de sua existência.
E assim, vaga pelas trilhas do pensamento,
Sem compreender que a verdadeira essência
Não reside no perecível, mas na eternidade
Do ser que se reconhece no outro e no agora.
No entanto, há esperança na jornada introspectiva,
Que a alma, ao se desvencilhar das ilusões,
Possa, enfim, enxergar com clareza
E descobrir a profundidade de sua própria imensidão.
Tião Neiva