Velhice...
Nos olhos a velhice...
a conta dos anos...
Algumas rugas...
que o tempo se encarregará de multiplicar...
É que o tempo não tem contrato com a beleza...
Ele prefere o reflexo da experiência e da sabedoria...
O tempo é avesso aos espelhos...
Ele prefere uma outra beleza...
Deve ser porque o espelho só reflete a casca...
a fina casca, a pobre casca...
O tempo que sabe da velhice...
Da Velhice...
Que nos assola por fora...
E nos erige por dentro...
Ahhh essa velhice,
Esta pele, já nem tão rija...
Esses cabelos, já nem tão pretos...
Esses músculos, já um pouco rebeldes...
Um contrato com tempo...
Esse tempo do qual não se pode fugir,
o que seria uma insanidade...
Nem correr contra ele,
Isso seria mais que insanidade...
Mas sobre isso, tenho que me lembrar todos os dias,
todos os dias...
Nessa velhice tão corrida...
Sou velha, não, não sou uma velha com alma jovem...
Sou velha, De meus todos 39 anos,
com todo o conhecimento,
experiência e sabedoria,
Que a velhice me proporciona...
e que nos meus 18 anos era tão pobre...
E ainda sim, a alegria e disposição ainda compõe meu currículo.
Essa velhice que chegando,
mostrou sua verdadeira face...
Que não é a face do preconceito,
que sempre tive...
que tantos tem...
Não sou nem imprestável, nem descartável...
Estou apenas velha, faz parte da vida...
da minha vida...
(Valéria Trindade)