Presciência

Apesar de ser uma tentativa impossível de um reconhecimento poético distorcido, potencialmente enganador e intelectualmente perigoso, a procura pelos grandes resumos das semelhanças, regularidades, ideias e conceitos que superam os limites estreitos de problemas específicos, nos motiva a idealizar descobrir a maior de todas as inspirações, uma visão de totalidade que encapsule todo o conhecimento num pequeno e conciso conjunto de preceitos. Pois, mesmo em princípio, previsões com graus arbitrários de precisão não são possíveis, e transparecem a arrogância e ingenuidade humana.

Igualmente impossível é prever o amanhã porvir. Pois, o futuro é a parte da linha do tempo projetada, mas, desconhecida de um território não reclamado e igualmente desabitado num tempo vazio. Entretanto, nascidos para idealizar, buscamos antecipar o futuro, para fazer as melhores escolhas, e confrontamos a tarefa impossível de avaliá-lo antecipando sua chegada inevitável, devido à natureza aparente da realidade da existência linear de tempo e às leis da física.

Neste futuro, a vida como a conhecemos, cujos fundamentos já estão aqui, não é modificado pelo revés do erro, o que atualmente pode ser considerado como estável, mas, temporário, o que significa que terminará.

Tudo o que existe é o agora, sem o passado que não podemos reviver, nem o futuro, que não sabemos se existirá. É preciso entender os mecanismos da percepção do tempo que fazem nosso cérebro pensar que o tempo diminuiu ou acelerou quando não o fez, pois, ao experimentar uma situação traumática percebemos que o tempo fica mais lento, enquanto uma experiência apavorante mostra que não temos tempo extra para reagir ou fazer algo além do que normalmente seja possível.

Nos foi ensinado que as leis celestes não são diferentes das terrenas, a unificação de eletricidade e magnetismo nos trouxe o imaterial hipotético efêmero para nossas vidas, o conhecimento especulativo da seleção natural nos lembrou que somos apenas seres e plantas, e as leis da termodinâmica sugerem que não somos eternos.

Apesar de os apanhados coincidentes nos ensinarem e impactarem consequentemente na mudança da maneira como pensamos sobre o mundo, e motivarem a criação de fundamentos para o progresso tecnológico que melhorou nosso padrão de vida, tais conceitos são, em graus variados, incompletos, no entendimento dos limites de sua aplicabilidade, nos limites de seu poder preditivo e na busca contínua de exceções, violações e falhas que causaram questões e desafios ainda mais complicados, presumindo, em princípio, serem solúveis com um grau suficiente de precisão, enquanto motiva o avanço contínuo do conhecimento atento da observação e pesquisa, e o desenvolvimento de novas ideias, técnicas e conceitos.

Entretanto, embora esse entendimento possa ter alguma validade, qualitativamente algo está faltando nessa exposição simplista distanciada. Onde está a vida em sua diversidade e complexidade? Onde estão os seres e as células com seus cérebros, emoções e consciência, a adaptação e seleção, ecossistemas, a informação, a contingência histórica, as urbanizações e sociedades, as empresas e economias, o amor e o ódio?

Parcialmente, somos seres integrantes de profusos, complexos e desordenados acontecimentos que ocorrem na natureza e requerem conceitos adicionais que não podem ser quantificados para serem compreendidos. Porém, é impossível criar um conceito de estrutura quantitativa, analítica e preditiva, que unificaria todas as interações fundamentais, fundada em princípios inequívocos para entender todos os parâmetros conhecidos dos sistemas adaptativos complexos, pois, permaneceria incompleto.

Contudo, para tornar isso possível, seria preciso desenvolver uma melhor teoria cosmológica, melhorar o conhecimento especulativo hipotético das interações fundamentais e apresentar uma expressão alternativa para as coincidências milagrosas que acontecem.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 12/07/2024
Código do texto: T8105137
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