Vestígios de uma Noite.
Vestígios de uma Noite.
Noite.
A lua esconde-se de si mesma,
seria uma forma de punir-se, ou, punir aquele que canta seu encanto? Em meio a escuridão um olhar claro, busca, mira, e, noutras vezes fecha-se na tentativa vã de achar o caminho.
Ainda pela noite.
Sussurros invadem a mente deste ser perdido. Entre os sussurros um nome exalta a "Luz", luz que fez-me perder no mais claro dia. A noite criança, na madrugada torna-se mulher, de cabelos longos, olhar vivo e penetrante, com uma voz suave, e, curvas tão perigosas que, quem ousar percorrer, terá suas certezas com desejos incertos.
Madrugada.
Eu tive um momento único de desejos ao vê-la. A sua nudez convidava-me a embriagar-me com o néctar que brotava por entre as coxas, o cheiro, uma fragrância tão suave e exótica que na decência de ser respeitoso, vir-me violando aquele templo sacro em nome de Eros.
Ainda na madrugada.
O calor mistura-se ao prazer, o prazer encantava-se com os gemidos e as palavras proferidas pelo seus lábios quando não estavam envolvido nos meus. Quem visse tal cena, poderia jurar ter tantas mentiras expressadas em verdades daquelas almas, assim como, uma verdade explicita na mentira de negar tamanha luxúria.
Por fim, entre a noite e a madrugada, onde começamos o ritual com gestos infantis, e, terminando como adultos que sabiam exatamente que no fim desta escuridão a entrega dos corpos era inevitável. Agora, vestindo toda indumentária espalhada por todo quarto, antes de partir, seu olhar castanho fita o verde do meu, sem esboçar qualquer palavra de julgamento, sem perguntas para o que não necessitava de respostas, sem cobrança nem dívidas, nossas faces falavam com todas as letras, um certo adeus...
Texto: Vestígios de uma Noite.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 08/07/2024 às 18:28