aos domingos

aos domingos, eu lembro de você.

lembro de cada pedacinho que compõe você. e penso o que teria sido se na época que você veio, eu não estivesse tão preso às minhas questões. se os meus medos todos não estivessem expostos no quintal da minha pele. se não houvesse fragmentos de outros amores enraizados tão fundo que eu não consegui arrancar. e se na época que você veio, eu não estivesse tão distraído olhando as cores acinzentadas do meu céu. e se você tivesse vindo quando eu fosse mais como eu sou realmente, e menos o que fizeram de mim, hein? e se eu não tivesse com tanto medo de alguém ter encontrado a ponte em direção a onde o meu amor se encontra. e se eu fosse menos trauma e insegurança e mais um lugar seguro para alguém pousar em mim. eu queria que na época que veio eu estivesse com meus diálogos internos mais firmes e acertados. com a casa mais arrumada e a varanda ajeitada e aconchegante para a possibilidade de recomeço. como queria que quando você tivesse vindo para cá, eu estivesse te esperando de braços abertos, porque quis muito você, meu bem. mas acho que nós dois acontecemos no momento errado, apenas. como eu queria que quando você chegasse aqui eu fosse mais oceano. mais sensibilidade. mais calmaria. mais amor. queria que você me enxergasse como uma história bonita que eu nunca dividi com ninguém. que você me olhasse como realmente sou e notasse que sou como você. que ambos temos a urgência de amar. se você tivesse chegado num momento em que ainda tinha esperança nas pessoas, eu teria colocado minha fé em você. e, quem sabe, não estaríamos tão magoados, divididos agora. acho que nós ainda estaríamos aqui, juntos, felizes. nesse lugar que o amor habita e nós somos a pessoa favorita um do outro.

aos domingos, eu penso em você.