"E SE O SOL DECIDISSE MORRER..."
Iludo-me imponente; omnipotente, encho o peito de prepotência e arrogância que exalam o utópico e frágil aroma da auto-suficiência mas, se o sol da terra decidisse afastar-se, ainda que use de todas as minhas faculdades que me assediam à tal sensação do meu eu que se sobrepôe a tudo e a todos, transformar-me-ia em nada mais e nada menos que uma pedra de carne gelada de 1,85m de altura; se o sol de mim tentasse ficar mais próximo, sequer restariam bucados de cinzas para servir de testemunha da minha finita e tão ténue existência recalcada na mais desesperada e deplorável tentativa de me endeusar.
Se o sol decidisse morrer hoje, eu com ele morreria e então todos saberiam que não fui, não sou e nunca serei um ser independente e isolado vivendo apenas por e para sí mesmo. Algumas vezes, fere-me o ego ter de admitir isso.
:- Didix Kasembe, 2021