Vozes silenciosas

E quando estiver a caminhar sozinha pela rua, e sentir uma leve brisa a sobrar -lhe nos ouvidos, talvez um convite ou algo que lhe pareça um chamado, não ignore, é a voz dos ancestrais a chamar por ti.

E se não restar nenhuma dúvida, aceite a realidade que a vida está impondo. Aceite e acaso, tempos depois, descubras o provável erro de sua decisão, não se envergonhe, afinal, errar é humano, demasiado humano. E também não se revolte, a revolta, na maioria das vezes, decorre da falta de discernimento. É messes momentos que cometemos os maiores enganos. Dizemos o que era pra ficar calado e, como se o peso mundo estivesse sobre nós, tal qual Atlas a carrega -lo por toda existência, ficamos imobilizados dos movimentos. E condenados a essa inação, como se nada mais se pode fazer, ficamos inertes, a contemplar o tempo que passa. E se, talvez, num tempo já demasiado avançado, nos depararmos, talvez já com os primeiros sinais da velhice que se apresenta nas rugas e nos passos lentos, o que nos caberá, senão a triste sensação de que o tempo passou e levou nossa juventude. Coisas da vida, talvez uma voz, vinda de algum lugar que ignoramos, nos queira dizer "o tempo te deu sinais, você que não soube entender". Pode ser que isso ocorra, mas que culpa há quando se é jovem e nem se permite a

essas...mesuras desnecessárias quando se tem, ou se imagina ter, a vastidão do mundo a conquistar. É próprio da juventude a impetuosidade e a desmedida dos atos. Não se exigir da juventude contensão. A ela se é permitido o erro como medida para uma vida cujas falhas sirvam de guia e conselho.

Pode ser, ainda, que aconteça de nada disso ocorrer. Que tudo siga seu curso, isto é, sem conjecturas ou premonições, de modo que, vivamos cada dia de nossas vidas como o leito do rio. Sem planejamentos, sem preparação. Vivamos com a cota de tempo que temos, ou seja, nossa cota diária de 24 horas para dar razão ao que denomina vida.

E se, com toda essas possibilidades de tentativas de compreender o que se passa, se ainda assim, não lhe for possível tecer qualquer avaliação, por mais sútil que possa parecer, então, talvez, lhe reste, como última possibilidade, socorrer-se nas antigas tradições que, me parece, trazem muitos ensinamentos. Assim, acaso esteja a caminhar sozinha pela rua, e sentir uma leve brisa a sobrar- lhe nos ouvidos, talvez um convite ou chamamento, não ignore. Se permita aventurar-se ao desconhecido, posto que, ao se permitir a tal convite ou chamamento, estarás a se permitir novas experiências.E, quem sabe, serão essas novas experiências, o anúncio de novos tempos, de novas expectativas. E com isso, acredite, terás aprendido e apreendido lições deixadas ao longo do tempo. Somos humanos, demasiado, humanos; Isso nos permite erros e acertos.