Barquinhos de papel

Há quanto tempo me adio

Sou um saudoso de mim

Não posso ficar margem

Esperando a certeza do fim

O caminho é sempre o mesmo

E nisso já não me vejo

Quem é a pessoa que me olha no espelho ?

Mesmo abraço

Morno beijo

O coração permanece inerte

Nada aquece esse lago profundo e congelado

Acho que não há mais saída por essa via

Em cada esquina nos esquivamos

Muito tempo

Tantos anos

Mas, um dia

A fotografia fica amarelada

Circunstâncias da vida

Ou casa abandonada

O certo é que na margem não podemos ficar

Ciclos

Um piscar de olhos

É o tempo brincando de vento

Somos apenas barquinhos de papel

Cada um navegando como pode

Nesse imenso oceano de perguntas

Antes de sermos história

Vamos mudar a rota

Escrever algo trágico

Que faça alguém respirar mais fundo

Não podemos adiar mais

Não existe tanto faz

Para quem já ficou no cais demais

É hora de ir fundo

Sem olhar pra trás

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 02/07/2024
Código do texto: T8098156
Classificação de conteúdo: seguro