Barquinhos de papel
Há quanto tempo me adio
Sou um saudoso de mim
Não posso ficar margem
Esperando a certeza do fim
O caminho é sempre o mesmo
E nisso já não me vejo
Quem é a pessoa que me olha no espelho ?
Mesmo abraço
Morno beijo
O coração permanece inerte
Nada aquece esse lago profundo e congelado
Acho que não há mais saída por essa via
Em cada esquina nos esquivamos
Muito tempo
Tantos anos
Mas, um dia
A fotografia fica amarelada
Circunstâncias da vida
Ou casa abandonada
O certo é que na margem não podemos ficar
Ciclos
Um piscar de olhos
É o tempo brincando de vento
Somos apenas barquinhos de papel
Cada um navegando como pode
Nesse imenso oceano de perguntas
Antes de sermos história
Vamos mudar a rota
Escrever algo trágico
Que faça alguém respirar mais fundo
Não podemos adiar mais
Não existe tanto faz
Para quem já ficou no cais demais
É hora de ir fundo
Sem olhar pra trás