Tenho dentro de mim uma fera, um monstro teimoso e incontrolável. Já me dominou em algumas vezes. Todo dia exercemos um diálogo. Como oferenda lhe apresento as doçuras da vida, às vezes, se encanta.
Em seus dias de transbordamento eu percebo que não tenho o controle total. Está além da minha compreensão e forças. Mas um dia, num sonho, entre as estrelas, uma voz me veio. Aprendi com ela. Eu sempre batia de frente ou abria em fúria as grades das minhas costelas e me tornava a refém das minhas próprias catástrofes. Não mais. Agora, o diálogo é mais verdadeiro, nos olhamos de frente, ela continua fera e eu a sua casa. Mas aprendemos mais sobre quem somos e nos habitamos em paz. Ela não tenta me dilacerar e nem eu a ela. Nem sempre é pacífico mas é ela quem me levanta. E sou eu quem lhe aponta as belezas da vida.