Libertar-se?

Se não fossem os grilhões que me prendem a esta cidade e à máscara que resolvi envergar, já teria eu singrado os mares do mundo, espalhando o bem, perscrutando os mistérios e deixado, em cada passo, o vestígio de minha passagem.

A grandeza de um legado requer, não raro, a solidão do espírito empreendedor. Todavia, a sociedade nos impõe sua companhia constante; nunca estamos verdadeiramente sós. Sempre há algo a ser sentido, visto e aprendido...

Não posso fechar os olhos ao meu lado sentimental. Por vezes, o que nos falta é esta compreensão mais acurada do próprio ser. Tenho uma vontade de ajudar os outros, de me conectar com eles, mas sem me comprometer. Desejo estar de passagem. Não quero ficar.

Ou será que já estou, afinal?

Quem somos quando nos desprendemos das convenções?

O que resta de nós quando abrimos mão da máscara que escolhemos?

Será que a liberdade está na fuga ou na aceitação?

Mozart Sávio
Enviado por Mozart Sávio em 26/06/2024
Reeditado em 29/06/2024
Código do texto: T8094201
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