Dinheiro indo, dinheiro vindo… Carros à beça. O cheiro que predomina é o de fumaça. Não importa a quantidade de verde ao redor... É um pouco diferente do que tive na infância. A gente fazia fogueira e tudo era mais silencioso. Luís Gonzaga que é um dos caras da música prediletos de meu pai, tocava no som pra todo mundo ouvir, mas de uma forma mais elegante. Numa altura que eu costumo chamar de ideal “pois as pessoas podem continuar conversando…". Ficávamos numa mesa grande que cabia toda a grande família em volta de uma bacia enorme de amendoim e também milho, bolo, canjica. Mas o foco era o amendoim. O amendoim era a META. Ninguém se importava com a dor de barriga do dia seguinte.
Aqui em Lençóis, que é cidade turística, o que vejo é praticamente um festival. Uma farra de bandas que às vezes parecem até Axé Music. O repertório é praticamente o mesmo, só que em ordem diferente e ninguém reclama, ninguém acha ruim, então quem sou eu na fila do pão pra dizer que tá ruim? MUITA bebida (como sempre), quase ZERO fogueiras e aquela coisa de se vestir de Cowboy e Cowgirl que a música Sertaneja Universitária e a cultura da classe média alta pôs na cabeça das pessoas.
Vestem a roupa do colonizador pra se sentirem colonizadores. Mas assim que as festas terminarem, terão que pagar boletos e cartões de crédito enquanto seus patrões e cantores favoritos realmente comandam fazendas e possuem cavalos, gado, terra. Tentam transformar o Brasil numa espécie de Texas diurno misturado com Inglaterra noturna; só que com um salário-mínimo indigno de se ter (ao mesmo tempo): cuecas e calcinhas novas, IPVA em dia, Gás, filhos na faculdade. Você precisa escolher um, não dá pra ter tudo… E a maioria dispensa as roupas de baixo, pechincha no Gás, paga o IPVA… e ignoram seus filhos.