_*Sexualidade feminina e sociedade. Breve resumo, a partir de Kinsey*_

_*Sexualidade feminina e sociedade. Breve resumo, a partir de Kinsey*_

A perspectiva psicológica sobre a questão da sexualidade feminina e sua evolução ao longo das décadas revela um cenário complexo, influenciado por fatores culturais, sociais e estruturais. A imagem de uma mulher, que expressa desejos sexuais explicitamente, frequentemente rotulada pejorativamente, como "puta", devido ao machismo estrutural, é indicativa de uma sociedade, que tradicionalmente, vê o papel da mulher de maneira limitante.

Machismo Estrutural e Sexualidade Feminina.

O machismo estrutural, considera que as mulheres, têm como papel principal, a procriação e a satisfação das necessidades masculinas. Historicamente, a sexualidade feminina foi reprimida e reduzida a conceitos como, pureza e maternidade. As expressões de desejo feminino, eram vistas como desvios de comportamento e frequentemente associadas à prostituição.

O Advento do Orgasmo Feminino, em Relações Conjugais.

Até relativamente recentemente, o orgasmo feminino, em relacionamentos conjugais, era pouco discutido, ou, mesmo reconhecido. Mulheres viviam e morriam, em casamentos de décadas, sem nunca experimentar o prazer sexual, enquanto aquelas que ousavam reconhecer ou, expressar seus desejos, eram rapidamente estigmatizadas.

Relatórios Pioneiros e a Mudança de Paradigma.

A partir da década de 1940, os estudos pioneiros de Alfred Kinsey, seguidos pelas pesquisas de Masters & Johnson e Shere Hite, começaram a revolucionar, a compreensão da sexualidade humana:

1. Relatório Kinsey (1948 e 1953)-

Os estudos de Kinsey, foram alguns dos primeiros, a desmistificar o comportamento sexual, revelando a diversidade das práticas e desejos humanos. Kinsey, destacou a ubiquidade, do comportamento sexual entre as mulheres, contradizendo os mitos predominantes sobre a sexualidade feminina.

2. Masters & Johnson (1966)-

Estes pesquisadores foram fundamentais, ao mapear a resposta sexual humana, revelando os mecanismos do orgasmo feminino. Suas descobertas, forneceram uma base científica, para a compreensão, de que o prazer sexual não é exclusivo aos homens, desafiando assim, a supressão histórica do desejo feminino.

3. Relatório Hite (1976, 1981) -

Shere Hite, com suas pesquisas, colocou o foco na voz das próprias mulheres, explorando suas experiências e sentimentos, em relação à sexualidade. Suas conclusões, destacaram a insatisfação generalizada das mulheres, com a sexualidade dentro do casamento tradicional e a frequência de orgasmos, através da masturbação, em comparação com o coito.

Da Década de 70 aos Dias Atuais.

Essas pesquisas, abriram caminho para mudanças significativas, na percepção das práticas sexuais e nas terapias sexuais, nos anos seguintes. A psicoterapia contemporânea, começou a incluir a saúde sexual, como parte integrante do bem-estar geral, reconhecendo a importância do prazer e satisfação sexual, para ambos os gêneros.

A Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman.

Zygmunt Bauman, em sua teoria da modernidade líquida, descreve um mundo, onde as relações humanas, são cada vez mais instáveis e efêmeras. Na modernidade líquida:

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Instabilidade das Relações.

As relações tendem a começar mais tarde e terminar mais cedo. Este fenômeno, se aplica diretamente às práticas sexuais modernas, onde os indivíduos, frequentemente experimentam uma série de parceiros, antes de considerar um relacionamento comprometido a longo prazo.

Individualismo e Prazer Imediato -

O foco no individualismo e na gratificação instantânea, transforma as relações sexuais, em algo mais transitório, menos comprometido e mais exploratório. As ligações emocionais profundas, dão lugar a encontros fugazes e temporários, refletindo as mudanças na estrutura social.

Autenticidade e Experimentação.

- As pessoas buscam uma autenticidade maior, nas suas experiências sexuais, menos restringidas pelas normas sociais tradicionais. Isso permite, que tanto os homens, quanto as mulheres, explorem e expressem seus desejos, mais abertamente.

Conclusão.

O panorama atual da sexualidade feminina, é consideravelmente mais aberto e exploratório, do que foi nas décadas passadas, graças ao trabalho pioneiro, de pesquisadores como Kinsey, Masters & Johnson, e Hite. No entanto, as influências do machismo estrutural, ainda persistem, embora de maneira mais sutil.

Com as teorias de Bauman em mente, vemos um cenário, onde a transitoriedade e a experimentação, definem as relações contemporâneas, refletindo uma sociedade, que continua em evolução, tanto em termos de práticas, quanto de percepções sexuais. A modernidade líquida, não apenas molda como nos relacionamos, mas também, como compreendemos e praticamos nossa sexualidade, em um mundo em constante mudança.

_*Daniel Barthes*_

BARTHES
Enviado por BARTHES em 21/06/2024
Código do texto: T8090836
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