Reflexões

Sabe quando você acorda com o coração apertado, uma leve tristeza pode-se dizer? Pois é, me sinto assim hoje, imersa em muitos pensamentos, e um misto de sensações. No fundo sinto vontade de chorar, e ao mesmo tempo não é algo dão dolorido.

Creio que essas reflexões surgem, para justamente termos consciência do que é a vida, pois na maioria das vezes, acreditamos em tantas futilidades, que perdemos o sentido.

Todo esse sentimento, creio eu, que seja mediante a fatídica morte, essa que é a ordem mais democrática que conheço, afinal, todos estamos destinados a ela, uns mais cedo, outros bem tarde, e por ai se segue o fluxo da vida.

Não entendemos quando ela comete algum dos nossos, principalmente quando consideramos cedo demais, e ontem ao presenciar a passagem de um jovem, que lutou conta o câncer por 2 anos e terminou sua batalha, me fez repensar em tantas falas egoístas que temos no dia a dia, e algumas que surgem nesse momento complicado da partida. É corriqueiro ouvir: “mas poque ele (a)?” “só os bons vão embora” “porque Deus fez isso com a gente?” entre muitas outras falas desse tipo.

Pensando sobre isso tudo no caminho para casa, constatei o quanto ainda somos pobres de espirito. O egoismo realmente é a maior chaga da humanidade, o sentimento de bem estar coletivo, é muito vago, e muitas vezes até “falsificado” em falas bonitas e nenhuma ação ou pratica da determinada fala. Se a dor da perda nos consome, porque desejar que fosse a dor do outro e não com a nossa? Porque pensar em “logo ele (a)?” como se fossemos tão privilegiados, que não poderíamos passar por isso?

Nos colocamos em pedestais, que podemos classificar com ilusórios, nos enxergarmos de uma forma tão equivocada, que chego a dizer, que seja ali o ponto inicial para mudança de postura e pensamento diante das adversidades. Precisamos nos conhecer, tentarmos nos mudar e não viver a síndrome de Gabriela “eu nasci assim, vou ser sempre assim, Gabriela”… Temos que lutar todos os dias contra o egoismo que nos assola nos pequenos casos, porque esse exemplo que trago da dor de uma perda, é mais aceitável a fala momentânea de egoismo na dor, do que quando estamos relativamente bem, e não enxergarmos o outro, não entendemos sua dor, e muito menos achamos o outro digno de não sofrer ou ter uma felicidade, se não tivermos a nossa primeiro.

Uma frase popularmente dita “farinha pouca, meu pirão primeiro”, retrata muito bem como agimos e pensamos, não que não tenhamos que pensar em nosso bem estar, temos que cuidar de nós é claro, mas isso realmente só é possível se o outro não estiver bem? Se para nosso bem estar o outro precisa estar “mal”?

Sei que essas falas são drásticas, e nada na vida é tão exato, porém hoje, ao analisar tantas coisas interiores, senti a necessidade de expressar todo esse vulcão de sentimentos, para que assim, eu mesma possa cuidar dessa minha chaga tão nociva, chamada egoismo, e me preparar, para quando a dor bater na minha porta, eu saiba aceitá-la com resignação e entenda que ela é minha, e tem um porque de estar ali, que não posso transferir a responsabilidade para terceiros, e muito menos, consignar o meu fardo para outros.

“… As dores da alma que a gente plantou

Parecem que não se esquecem de nós

Mas vamos mudar, não vamos nos entregar

Esse não é o fim

Os tombos da vida que a gente levou

Parecem que vem só pra rir de nós

Mas não vamos desistir, não paremos de cantar

A canção que a gente fez

O momento é hoje, encoraje o seu ser

Elevando os pensamentos a uma voz que te chama

Não deixe nada te deter…”

(projeto Carrossel – A canção que a gente fez).

***Eloisa Sartori***

18-06-2024