O Sentido da Vida: Não é uma questão de gosto.
Continuando a série "Em Busca do Sentido da Vida"...
Ouço muitas vezes a afirmação que cada pessoa descobre o seu próprio sentido de vida. Porém, se a vida não tem nenhum sentido "universal", e "o sentido da vida" é algo que cada pessoa acredita de uma maneira muito pessoal de acordo com seus próprios desejos, conhecimentos, experiências ou necessidades. Desta lógica, qualquer tipo de objetivo de vida (por mais insano, destrutivo e cruel que possa ser) é válido como razão de viver.
E é notoriamente claro ao bom senso de qualquer um que o caminho não pode ser assim. Que existe um limite. Não é somente uma questão pessoal. É confortável declararmos que "Somos completamente livres e viveremos do modo que desejarmos.", todavia é fácil também entendermos que há regras ou limites nesta liberdade. Que nosso viver está condicionado há uma série de outras forças (princípios). Ninguém pode negligenciar cuidar de sua saúde e de sua segurança, por exemplo. Nenhum sentido de vida será exercido plenamente com crise de fome ou doença.
Do mesmo modo que uma pessoa é um ser livre para desejar e ter vontades, outras pessoas também são. Eventualmente haverá conflitos de interesse onde um dos envolvidos terá que ceder sua vontade. Em concursos esportivos, por exemplo, cada pessoa terá a sua colocação e não haverá dois campeões.
Apesar das possibilidades de viver de uma pessoa ser gigantescas, quase sempre de um potencial muito maior do que a pessoa pode imaginar. Felizmente, cada pessoa tem a benção de poder se reinventar muitas e muitas vezes. Afinal, a vida é um grande processo também de autodescoberta e desenvolvimento. Todavia, há outras forças e vontades (algumas elevam e outras condicionam) coexistindo com as nossas, e isso cria regras e limites. Posso ser o humano que pula mais alto, porém não posso pular de um mundo para outro. Posso ser uma pessoa famosa, porém vou disputar este espaço com a mesma liberdade de tantos outros que também querem a atenção da fama, o que vai acabar criando toda uma regra de conduta (limites) de como alcançar este objetivo.
"O sentido de vida de uma pessoa" não é uma vontade independente de todas as outras forças e vontades que existem. Não é apenas um desejo pessoal. E nem estamos entrando no mérito aqui do que é, afinal, "este eu que deseja". Até que ponto nós somos um indivíduo? O “eu” a qual damos um nome? Talvez sejamos muito mais do que uma consciência pessoal que aparentemente se reconhece. E o que chamamos de desejo pessoal talvez seja "um fluxo de energia coletiva" que vem de locais e tempos que nem imaginamos.
Uma pessoa pode viver sua vida do modo mais gratificante, confortável e prazeroso que ela encontrar. Sem ao menos ter ou buscar uma resposta para o sentido da vida. Mas isso não significa que a vida está sendo vivida com sentido. Um escravo servo, por exemplo, poderia ser condicionado a sentir prazer e conforto em viver a vida agradando os desejos de seu mestre, sendo o instrumento de outro humano. Sem este condicionamento, muito provavelmente, este escravo servo demonstraria muito mais do seu potencial em viver para si próprio. Um soldado poderia ser condicionado a pensar que sua vida é plena matando os inimigos de um ditador cruel.
Assim como a dor também não pode ser o único motivo para afirmamos que a vida não tem sentido. Encontraremos milhões de exemplos de pessoas que se reinventaram e superaram a dor mesmo quando tudo parecia impossível, erguendo-se muitas e muitas vezes. Por alguma razão misteriosa, a vida sempre nos desafia com privações, sacrifícios, escolhas difíceis, dificuldades, abstenções, estresses, entre tantos outros sentimentos complexos.
A resposta não está apenas no que sentimentos. Nossas emoções podem ser enganosas, podem ser inclusive a prisão ou cegueira perfeita. Nossos desejos talvez sejam mais fabricados por outros do que nossos. Mas este é outro assunto...
Por hora que a esperança pela busca de uma vida mais plena seja o nosso grande farol para seguir em frente e enfrentar as adversidades. Talvez nunca exista uma resposta totalmente satisfatória e racional para esta grande correnteza cósmica que nos conecta a algo maior do que nós. Da mesma forma que nossos sentimentos podem ser enganosos, podem também ser nossos melhores condutores por um caminho repleto de leis que estão muito além da nossa compreensão racional como indivíduos.
Autor: Tierry Coelho.
* O melhor possível dentro do tempo que não tenho. Merece ser revisado.
* Como sempre... Espero que seja soma para alguém!