Lágrimas Abstratas
quem?! quem pode me ver aqui, velado em silêncio?
quem pode suprir minha falta de existência?
alguem pode dizer como sorrir frente ao lago desses anos?
alguem pode tornar-se o que és?
eu vislumbrei essas trágicas lembranças de paz
quis conhecer o mundo mas nem a mim mesmo conheci
quis verbalizar o encanto que nos torna fortes
mas os dias aqui já não são como antes
a chuva vem como o pranto divino
mesmo hoje quando vaga no esquecido, transcede a sapiência
elucidamos nossos espíritos pra alcançar supremacia
mas então estamos frente ao vazio que enchemos de mais vazio
temos o costume de aprofundar mais do que merecem certas coisas
e sempre achamos estar um passo a frente
somos algemas de nossos proprios espíritos
existimos inexistindo, os "não-seres"
fácil dizer aos outros o que fazer
mas isso apenas mostra que não o sabemos, e quem sabe?
depois fica bem mais simples dizer que a injustiça move o mundo
mas a injustiça nasce da escolha
jugar a vida mórbida e decadente por nossas frustrações
é condenarmos a nós mesmos células vazias
inanimadas e carentes de misticismo e religiosidade
para suprirmos o medo da verdade crua
enxergar o mundo sem máscara não torna a vida triste
é a alegria da dor da visão que buscamos
pergunten-se:
qual o papel de quem vê alem?
calar-se mediante ao fato de o mundo seguir na direção do crepúsculo de areia?
ou gritar silenciosamente para que as almas sensíveis e aquiescentes ao código renasçam das cinzas novamente?