A Parábola do Peixe da Lagoa

De boa, na lagoa, vivia um peixe que nadava livremente entre as plantas aquáticas, brincando com outros peixes e admirando o movimento sereno das águas. Para o peixe, a sua lagoa era tudo o que ele conhecia, e ele nunca questionara sua existência. Um dia, um sábio polvo apareceu na lagoa. Conhecido por suas longas jornadas e por compartilhar histórias e sabedoria adquiridas em suas nadanças, o polvo despertou a curiosidade do peixe, que se aproximou para ouvir o que ele tinha a dizer.

O polvo começou a contar sobre suas viagens a lugares distantes, onde encontrou criaturas de diferentes formas e tamanhos. Ele descreveu ambientes misteriosos e fascinantes que existiam além da lagoa. Encantado, o peixe perguntou ao polvo como era possível que ele tivesse conhecido tantos lugares incríveis.

Com um olhar penetrante, o polvo respondeu: "Primeiro, é necessário entender o que nos cerca. Muitos peixes passam a vida inteira sem perceber os limites das águas que os cercam."

Confuso, o peixe decidiu prestar mais atenção ao seu redor. Observou como a água refletia a luz do sol, como ela lhe permitia mover-se com facilidade, como sustentava as plantas e como era essencial para sua sobrevivência. Foi nesse momento que o peixe teve uma revelação: tudo o que fazia, toda a sua vida, estava profundamente ligada à água em que vivia. Ele nunca percebera a água. A água líquida, movediça. Nunca tinha sentido antes a água penetrar em suas brânquias, com oxigênios e todos os gases necessários à sua vida. O peixe, com suas nadadeiras, nunca havia sentido as águas atravessando seu corpo, ou sequer seus pensamentos. Ele pensava na água e como ele sentia necessidade dessa água para viver.

Perceber isso mudou sua forma de ver o mundo. O peixe sentiu a água ao seu redor com uma nova consciência, reconhecendo a importância vital da lagoa em sua existência. Ele agora sabia que, fora da água, não poderia sobreviver. O Peixe é sempre o último a perceber a água que o cerca, a realidade que ele vive. O peixe e sua água, de boa na lagoa, nunca mais seria o mesmo.