Lua , salva-me.

Lembro-me de te chamar para ver a lua

Agora ela está cheia como no passado, mas a senhora não está presente

Lembro-me daquela surra quando criança

Lembro-me do seu cheiro , muito estranho lembrar de um cheiro, e não sentir mais ele entrando pelas narinas

Lembro-me dos seus sermões e das brigas , mas também lembro de nunca bater a porta na minha cara, mesmo eu sendo uma péssima filha

É mãe eu sinto falta de tudo , e esse tudo quebra meu coração em finos retalhos de vidro , que me cortam diariamente.

Agora observando a lua cheia , lembro de quando a senhora parou de enxergar e eu chorava por não poder dar minha visão a senhora

A nostalgia é uma vadia prepotente e necessária, para que possamos nos sentir humanos , vivos e amados por quem já passou desta para uma melhor.

As vezes penso ," e se esse carro batesse em mim ,e eu acordasse como quando eu era criança e dormia com a cabeça no seu colo macio no carro da feira" , eu rezo para que isso aconteça mas sendo sensata sei que não vai acontecer , então me esquivo do carro e continuo a trabalhar para ter o que comer e enfim fazer sua catacumba, é mamãe a vida é puxada e sua falta é uma pisa diária em minha alma , meus olhos estão cansados de chorar , eu sei que dessa vez a senhora não volta não tem final feliz.

Hoje.

23.10.29

Karoline Lins
Enviado por Karoline Lins em 02/06/2024
Código do texto: T8077189
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