RENOVAÇÃO
Muitas pessoas só vêm a dormência no mundo, pois os seus olhos já foram entorpecidos. Mas, muito depende da forma como olhamos para as coisas, pois, a qualidade do nosso olhar determina o que vemos.
O que encontramos, reconhecemos ou descobrimos na vida, depende muito da qualidade da nossa aproximação.
Um encontro de profundidade e espírito é precedido por uma preparação cuidadosa, com reverência, para as coisas boas se aproximarem de nós. Então, a nossa vida real na Terra vem à superfície despertando a beleza oculta nas coisas.
É bom lembrar quem somos e porque estamos aqui, na Terra, a nossa origem e destino, o nosso lar.
Dentro de nós está a argila de onde a árvore do corpo cresce embalado pelo compasso da terra no ritmo de nossos corações.
Em contraste com as nossas
vidas agitadas e saturadas, o movimento e o crescimento na natureza levam o seu tempo, oferecendo a tranquilidade calmante e paciente gozando da facilidade de confiança e esperança, nos lembrando quem somos e a razão de estarmos aqui, para que a beleza que amamos seja o que fazemos. Nós somos aquilo de onde viemos.
Esquecemos que passaremos no tempo, mas o solo onde caminhamos e descansamos durará para sempre.
Desdenhamos o nosso lar na Terra, suas criaturas, segredos e o sustento que ela nos dá, mas, consumimos e descuidamos criando lixo, ignorando que tudo o que há nela foi feito e preenchido para nós, com a essência da natureza.
Porém, tudo possui qualidade e saber inerente, apenas diferindo de nós na sua forma. A natureza em sua simplicidade partilha conosco as intempéries e as calmarias da terra, através das coisas que nela estão, nos fazendo sentir a alegria e o mistério da beleza da vida, vivendo entre todas as coisas no esquema da existência.
Toda a vida é semelhante em sua fundação objetivando seu desenvolvimento. Ao multiplicarmo-nos até atingirmos o nosso número máximo possível, estamos cumprindo o curso natural de expansão na existência, enquanto arriscamos a autodestruição. Mas, a natureza em sua sabedoria, traz o equilíbrio no ciclo periódico da vida. Devemos entender, que a morte é uma parte inevitável do ciclo de vida e não um problema de saúde.
Apreciamos pensar na existência como uma jornada linear, ao longo da estrada da vida, quando na realidade tudo é cíclico. E vivemos fascinados, num ciclo de paixão e apreensão, caminhando em direção ao medo. Porém, a vida é uma viagem, não um destino, e a felicidade não está no amanhã, mas, se faz presente hoje.
Podemos lidar com a incerteza reconhecendo o medo. Não conhecemos o futuro a longo prazo, mas, podemos criá-lo estimulando sentimentos positivos sobre as possibilidades, para que possamos ser mais felizes.
Devemos valorizar nossa vida e de todos os seres. Uma vida jovem não é mais valiosa do que uma vida longa. Cada uma contém a sua experiência e saberes. Ambas se encontram simplesmente numa fase diferente do seu desenvolvimento.
A maré da esperança aproxima-se e afasta-se de nós quando estamos na praia da vida. Alguns de nós espera a onda chegar, outros vão ao seu encontro, mas todos nós desaparecemos ao pôr do sol e as nossas pegadas na areia desaparecem com o tempo. Os pés das crianças substituem os nossos, e o movimento da maré se renova.
A morte é o começo de um princípio, a vida é o preâmbulo do fim, e o ciclo continua para sempre.