Todo Outono

Caem se as folhas e toda beleza de flores, um vasto de galhos de solidão e tocos.

A beleza de suas cores e sorriso já se apagaram.

A tinta escorreu na tua partida, o quadro ficou vazio, e sua moldura chorou.

Todo fim de tarde é menos você.

Nossa estória tornou se papéis, vãos retratos.

Um resto de velhice me toma.

Os cabelos meus, já brancos, me mostram o quanto te perdi.

Toda partida é um cais esquecido.

Mórbido o sentimento de quadros, duram só um tempo.

Um gosto mui vago, uma lembrança de cortinas.

Todo sorriso teu passou, como rios de tão frescor, tão gélido no inverno que se aproxima.

Queria abater os ponteiros, excomungar o relógio.

Algoz o tempo que mata, lento.

Caem se as folhas...

João Francisco da Cruz

Poeta 30/09/2023