Uma Noite Nada Mais...

Uma Noite Nada Mais...

Foram tantos anos se falando. Tantos vídeos em conversas banais, tantos, que tantas vezes quis-lhe falar.

Quando a vi pela primeira vez estampada na orelha dos seus poemas, encantei-me com sua face. Fui em busca da sua atenção, e, aconteceu, ficamos conhecidos com o passar dos dias, e a noite, nos separamos. Você estava com um projeto de um novo livro infantil, tentei várias vezes te contatar sem êxito, pois, estava, nas suas palavras um momento SABÁTICO!

Num belo dia, de uma bela lua cheia, recebi seu contato entusiasmada com o novo projeto à fazer, era algo voltado às redes sociais, entre uma explicação e outra cedi minha satisfação em ajudar, mas, fui posto pra escanteio. Os minutos passam tão lentos quanto o destino escreve nas suas linhas o desfecho. Quando achamos perder a esperança, ela brincalhona e sarcástica irrompe o ato trazendo o motivo da perda a tona.

Você mais uma vez contactou-me, voltamos a diluir o projeto e ainda mantendo minha palavra dei-lhe a mão. O que era antes um simples conhecer foi se solidificando à cada segundo, risos, olhares, eram tantos os sentires, que o corpo declarou estado de confiabilidade num momento a sós.

A noite caia serena e mágica, vinho à mesa, apenas a luz da lua iluminava-nos como personagens principais da velha Broadway. O olhar era o vilão desta cena, ao se encontrarem nos milésimos deste, despia todo desejo numa nudez imaginária. O toque das mãos, a temperatura aquecendo o íntimo do ser, carícias feitas com as pontas do dedos sobre a pele, induzia escrever um romance a vista. O garçom fala alguma coisa a qual não prestamos atenção, o foco era impossível de ser desfeito, no toque dos ombros semi-nú deixo-me deslizar pelas costas desenhando a perfeita trajetória da espinha até a cintura, ficamos mais próximos, seu hálito de um frescor adorável com sabor de hortelã, deixava-me inebriado, nesta hora deixei de prestar atenção na sua íris para descifrar seus lábios.

Apesar de não ser adepto as crenças, eu poderia jurar que seus lábios ao ser criados, foram precisos vários artistas, dentre eles estavam:

Brigid - Da mitologia celta. Que ficou encarregada de molda-lhe as curvas bem torneadas para quem compreendesse os traços chegariam a um oasis de sabores.

Sucubo - Demônio da cultura popular. Esse demônio se apossou da carne mantendo seus lábios na mais perfeita simetria nem grossos demais, nem finos demais, na proporção exata dos recifes que, quem ousasse navegar, de certo naufragaria.

Brahma - Da mitologia Hindu.

Nixe - Da mitologia Nórdica. Foram encarregados de dar-lhe a voz e a melodia doce vista apenas nas suas deliciosas narrações.

Eros - Da mitologia Grega. Deu o toque final na elaboração daquela boca, por onde o amor exalava olores de puro prazer, a perfeita personificação do profano com o sacro.

Inebriado pelo conjunto tentador daquela mulher, eu, com as mãos em sua nuca sem impor resistência roubei-lhe um beijo. Na proporção em que os segundos iam contando os minutos do assalto, entrei pelas portas de Gália, aventurei-me pelo inferno dos desejos, em Trimurti fui recebido com uma paixão incandescente, e, no Olimpo, deixei escrito nas pedras todo amor que senti ao adentrar neste mundo de língua e sensação.

Meia horas se passaram, meu corpo já dando sinais, reescreveu o conto, que, no começo seria apenas um conto sobre amizade, mas, que hoje, enveredou pelas trilhas das descobertas sem os grilhões dos sentimentos humanos.

E, essa descoberta foi só por uma noite e nada mais...

Texto: Uma Noite Nada Mais...

Autor: Osvaldo Rocha Jr

Data: 28/05/2024 às 09:34

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 28/05/2024
Reeditado em 28/05/2024
Código do texto: T8073222
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