Ela
Eu não sou mais ela.
Sou essa.
Agora compartilho das demandas
Priorizo em igualdade de posição
Ainda me reservo diante dos medos
Ainda abomino embates
E temo a desilusão
Ainda mantenho distância da dor
Mas hoje já sei lidar com ela
Sei que tem mais pedaço ajuntado
Do que disperso
E que a cola é boa
Para a dor, os bálsamos da estrada
As bolhas, os rasgos, as gotas vermelhas
Ou salobras
Toda mudança pressupõe sofrimento
Toda escolha pressupõe um abandono
Mas ambas inauguram o novo
O júbilo, frescos ares, atmosferas leves, suspensas
De tantos anos vividos, tantas dores silenciadas
Aprendi que reverso também é terapêutico
Mata pra ressuscitar
No fim,
Gostaria de construir um outro modelo
De relação
No qual fosse ainda possível
Te amar