E se...?
A gente vai vivendo e vai aprendendo. E ao longo desse percurso a gente também vai amadurecendo. Já não nos preocupamos com coisas pequenas. E evitamos discussões por motivos tão bobos e injustificáveis. Olhamos para a situação e, ao invés de reagir a ela, ponderamos sobre o que aconteceu na busca pela melhor ação, na escolha da melhor decisão. É isso o que o tempo faz conosco. Ajuda-nos a entender que a vida é frágil demais para um ego que se supõe forte. Um ego tão frágil quanto a vida. Afinal de contas, na hora da morte, todos seremos colocados no mesmo ponto: o do fim, o do final, o da despedida. Então entendemos que não adianta perder tempo com aquilo que é superficial. O tempo nos ensina a valorizar o essencial. O tempo, quando somos mais novos, mais parece um inimigo por levar consigo muitos de nossos sonhos, muita da nossa juventude. Mas esse mesmo tempo, com o tempo, torna-se nosso amigo por nos tornar sábios.
Entretanto, é quando nos sentimos experientes e sabidos sobre a vida, que nos indagamos pela dor do arrependimento. Isso porque olhamos para o passado e vemos quantas incríveis oportunidades perdemos, quantas maravilhosas pessoas deixamos que escapassem de nossos dedos, quantos inspiradores sonhos simplesmente deixamos de sonhar por levarmos em consideração as demandas desse mundo sempre tão insatisfeito e exigente. Mas só sabemos que as oportunidades eram incríveis, as pessoas eram maravilhosas e os sonhos eram inspiradores com a visão de agora, com a compreensão de hoje, um entendimento que, lá atrás, quando “erramos” em nossas escolhas, éramos incapazes de ter. Refletimos, “e se eu tivesse o conhecimento que tenho hoje?”, e concluímos, “tudo teria sido diferente”.
Ou talvez não. E talvez não porque lá atrás éramos um, hoje somos outros, o tempo nos amadureceu e nos fez entendidos. Amadurecimento e conhecimento que antes não tínhamos até pela inexperiência da vida. Afinal de contas, eu não nasci com um manual que me ajudasse a fazer escolhas para ter uma vida incrível e acredito que você também não tenha esse tal manual. Portanto, tivemos que aprender a partir da experiência, assim como uma criança aprende chorando que chorar é a sua mais poderosa arma para chamar a atenção dos adultos responsáveis por ajudá-la em sua sobrevivência, nós aprendemos a viver vivendo. De maneira que não podemos nos culpar pelos erros antigos pautados em quem somos atualmente. É injusto. E é improdutivo.
É, sobretudo, improdutivo quando, mesmo experientes, insistimos nos mesmos erros. Não importa o que aconteceu há tempos atrás, importa o que faremos daqui por diante. Importa como faremos uso da sabedoria que o tempo nos trouxe. Não adianta pensarmos no “e se...”, porque ele apenas nos trará angústia e desolação. E viveremos em uma permanente fantasia de uma vida que nunca aconteceria. Talvez o único “e se” que importa seja o “e se você fizer diferente com o conhecimento que tem hoje?”. Esse pode ser um belo caminho rumo à ressignificação de nossas histórias!
(Texto de Amilton Júnior - @c.d.vida)