MEDITAÇÕES 3
O que significa toda esta “realidade”?
Qual o seu “porquê"?
Haveria uma “evidência” que para tudo s’explique?
Ou se trata d’uma questão sem solução?
Viver é uma das coisas mais raras a se ver ... no mundo
Dentro de Deus eu sou ... e estou
Dentro do mundo estou ... e sou (ou deveria... “ser”)
E tudo é dentro ou fora do espaço em que n’ele está
Já que "dentro" e "fora" são conceitos ilusórios
E ninguém está à sombra de outro (ou, pelo menos, não deveria estar)
A ser, então, o seu "espírito religioso" (ainda que se diga "ateu")
Nada s’haveria s’estivesse fora de Deus, é óbvio
E ao que se diria que só se pode “haver” caso esteja ... dentro de Deus
E em Deus “é”
Sim, nada pode deixar de “ser” porque “é”
E se o que vemos é sempre um fragmento ou uma “parte”, definitivamente
não existe nem por si mesmo e menos para si mesmo [somente]
Tudo está dentro d’um conjunto feito de partes dependentes uma d’outra
E jamais isolados
A Vida não permite
(Qualquer coisa que seja)
Ao que se percebo uma flor ela existe para mim e eu par’ela
D’uma totalidade que compreendida se acha quando as partes s’encontram
E, sobretudo, quando se amam
E nunca uma d’outra fugindo (ou se repelindo)
Oh! D’onde vem a desgraça do mundo que não seja da “ilusão de se
acreditar “separado”?
E haveria maior escuridão que tal credo?
N’um desacordo entre todos a partir de mil “exterioridades” criadas no tempo
Originadas, na verdade, pelo [insano e corrompido] pensamento
A morte não é o que mais [aqui] se tem medo
Pelo que o que mais se tem medo é da própria vida
E considerando que ninguém confiante está com a ideia da própria imortalidade
temos medo tanto de morrer quanto de viver
(Ou, como foi dito, mais ainda de viver)
Ao que, em verdade, não acreditamos em nenhuma “certeza” que querem que
aceitemos
Sim, em nenhuma “teoria”, em nenhum dogma, em nenhuma "revelação" [vinda de fora]
Contudo, fingimos que acreditamos
E dado a isto, não fazemos [no tempo] nada de realmente "grande"
Ou que se faça valer a pena o fato d’estarmos aqui
E por quê?
Simplesmente porque não temos “fé”
Mas, como devemos “perceber” a vida?
Como poderemos encontrar [n’ela] a “sua verdade” e "beleza"?
Quem sabe, como quem vê uma simples flor
Sem julgá-la, e sem querer “entendê-la”
E apenas... vê-la, e mais nada
E neste sutil ato de ver, entenderá também ... a “sua verdade”
E igulmente a sua "beleza"
A qual não s’esconde de ninguém
Basta apenas ... ver
E ter os olhos ... abertos
E se Deus “fez” tudo ao que não precisou de mais nada fazer, não creio
E quer saber o qu’eu acho?
Ninguém foi “feito”, nem está "pronto e acabado"
Todos estão ainda ... “se fazendo” (pela Vida e co'a Vida)
Sendo assim, somos [até o presente tempo] ... "aprendizes"
E estamos ... "nos formando" (todos)
27/05/2024
IMAGENS: FOTOS PESSOAIS