De dentro pra fora
Agora eu queria fazer uma canção, cantar minha dor, meu amor, ou simplesmente cantar, só pra desafinar. E no desafino do canto sentir o meu corpo afinar. Eu queria que as lágrimas corressem em minha face, molhassem o meu peito.
Agora é como se eu olhasse de dentro do sepulcro e visse a minha vida. Só tem passado, não tem mais o sonho da manhã e nem mais fontes de onde sonhar.
Ah!
Eu queria dar um grito e acordar o mundo ao meu redor. Queria me assentar no monte mais alto que existisse, pra ninguém me tocar. De repente, dá vontade de se sujar na poeira vermelha e esconder-se no mato .
De se molhar na poluída água do ribeirão ou simplesmente sentar e esperar que a dama negra venha para irmos juntos pela estrada no passeio noturno numa noite que nunca terá amanhecer.