ESTÉTICA, METAFÍSICA, CIÊNCIA E DEUS

ESTÉTICA, METAFÍSICA, CIÊNCIA E DEUS

A seguir, troca de mensagens entre eu, meu primo José Tadeu (PhD em bioquimica -UFC), Ayala Gurgel (PhD em Políticas Públicas (UFMA) e Filosofia (UFC) e meu filho Gabriel (Filósofo - UFC), sobre a inserção da estética no contexto científico e metafísico enquanto fator protagonista da fé religiosa e da crença em Deus.

OBS: Mensagens trocadas a partir da análise do poema ¨VIDA PASSA, ARTE FICA¨:

VIDA PASSA, ARTE FICA

Arte é retrato espiritual

Em busca da perfeição

Rastro estético racional

Orientado pela emoção

A vida morre, a arte vive

O ente vara, a obra fica

No tempo ela sobrevive

Mais antiga e mais rica

Fina abstração humana

Ao artista o reto nirvana

Nobre atributo individual

Aprendido ou ao natural

Alcance da humanidade

O flerte com a divindade

Marco Antônio Abreu Florentino

https://youtu.be/cHnleIUSUPA

(Nos Bailes da Vida - Milton Nascimento/Fernando Brant)

Canta Milton Nascimento

Gabriel:

Esse poema me faz lembrar que a natureza, no que diz respeito à vida, não se importa com nossos sentimentos ou com a nossa vontade. Na evolução, o importante é que o indivíduo consiga sobreviver, se reproduzir e cuidar de seus descendentes até eles poderem se virar.

É aquela coisa do "Somos um conjunto de reações bioquímicas e nada mais."

É frio, mas é bom lembrar disso de vez em quando.

José Tadeu:

As reações bioquímicas, que tornam possível a existência de vida, são tão absurdamente complexas que não acredito que a evolução, sozinha, tenha operado esse milagre!

Ayala Gurgel :

A evolução não é um sujeito que faça ou deixe de fazer algo, é uma explicação científica para o processo complexo da vida biológica, sem recorrer a hipóteses extra-narurais.

É justamente esta teoria que revelou a complexidade do processo, as outras explicações são simplistas

Gabriel:

Eu não acho (reforçando que é uma opinião) que seja necessário existir uma vontade alheia à natureza observável ou perceptível a nós para que a vida surja no universo.

E também me parece que essa percepção muda com o domínio que se tem com… a linguagem, no geral.

Será que podemos considerar, nesse caso, a escrita de um povo como sendo arte?

Ou, talvez, as pirâmides de qualquer povo?

Ou, talvez, as florestas deste território que chamamos de Brasil, que foram cultivadas pelos tantos povos indígenas que aqui viveram, apesar de supostamente (100%) naturais?

EU:

Considero e refiro-me como arte a qualquer forma de produção humana, derivada da abstração racional, com finalidade de transmitir a subjetividade estética do autor no esforço de alcançar o belo ou a beleza em si, universal. Portanto, as florestas não podem ser consideradas obras de arte.

Gabriel:

A ideia das florestas que conhecemos como fruto e obra da intervenção humana é mais recente. Um indigenista sugeriu isso depois de perceber que a "mata virgem" do Brasil não era virgem, mas já modificada pela interferência dos indígenas antes da chegada dos portugueses. Peraí que eu vou procurar onde foi que eu vi isso, aí eu compartilho contigo por aqui.

EU:

Romantismo indigenista de ocasião (vide José de Alencar, Gonçalves Dias e outros). Não existe isso. Além do que, no meu entender, a arte não deveria ser utilitarista ou pragmática. A estética não tem como fugir disso, mas a obra de arte, para ser universal, tem. Infelizmente não é o que acontece.

Jardins ornamentais são pura arte. Paisagens naturais não... ou apenas metaforicamente enquanto obras de arte da natureza que, na minha concepção, é o Deus imanente, em tudo, em todos e no universo.

Abstração da imanência de Deus é a evolução, do micro ao macrocosmo.

A força, entropia ou seja lá o que a produz e organiza, ainda nos é desconhecida. Impossível ao homem mensurar sua complexidade.

É ESTRANHA, MAS ESTÁ NO AR.

Mas tenho uma certeza interior inabalável de que, em nenhuma hipótese é RELIGIÃO. Esta não é causa, é efeito, consequência... um DELÍRIO humano (concordando com Richard Dawkins). Talvez ALUCINAÇÃO. Ou os dois, portanto, irreal e/ou fictício.

Seria o sonho de Descartes?

Não, definitivamente não, pois pra Descartes, quem sonha é um deus ou gênio maligno. Então, ¨A NATUREZA É, ESTÁ E PERMANECERÁ ETERNAMENTE¨, sem a intervenção de seres invisíveis ou sentimentos subjetivos, incluindo a FÉ.

Gabriel:

"Força estranha", bem tua cara dizer isso hehe

O tempo todo me dizem que não é possível imaginar o mundo sem um deus que o tenha feito assim.

Eu já acho o contrário: é desnecessário imaginar que haja um deus para construir ou criar tudo isso.

Marco Antônio Abreu Florentino

Gabriel Florentino

José Tadeu A. de Oliveira

Ayala Gurgel