MEDITAÇÕES 2
Névoas d’um tempo que o vento já há tempos moveu e, portanto, afastou
Porém, sendo porque ainda as sinto, percebo que a lembrança em mim ficou
E uma tristeza nest’instante a me invadir por inteiro
Que fiz eu de minha vida, meu Deus?
Por qu’eu não sou mais o que antes era?
E por qu'eu deixei ... "de ser"?
O que eu tive na vida a me causar saudades se, na verade, m’esqueci no tempo?
Se destarte for, quereria de volta o qu’eu tinha e não tanto o qu’eu fui
Ai! eu e esta maldita mania de querer viver n’outro tempo
(principalmente no passado)
E o que agora sou?
Sei lá!
Alheias palavras apenas, (oh! que pena!), a morar em minh’alma
a partir d’um “tempo de todos”
E as qu’eram somente minhas, não mais as ouço
E pra dizer a verdade, nem d’elas lembro
Ao que só escuto [infelizmente] as "Vozes" dos outros
O tempo do mundo de fora a morar, então, em meu mundo [agora]
Crenças e convicções alheias
Valores e princípios de outrem
Opiniões estranhas
A me distraírem com suas regras (a querer me moldar com seus “padrões)
Um tempo/mundo esquisito este em que moro, mas qu’eu detesto
Embora cada vez mais n’ele avanço
E mais de mim fujo
E assim eis minha atual “consciência”
A viver inconsciente de mim mesmo
Ou mesmo esquecendo-me de qu’existo
(do que outrora era minh’essência)
Para viver (como todos) a miserável existência do mundo/tempo
Sou um barco que se afasta continuamente de “meu cais”
Este que agora vazio se encontra (já que não mais estou n’ele)
E cada vez mais navego a ermo para lugar nenhum
Neste espaço onde não tenho mais alma (que seja, de fato, a minha)
E neste tempo em que não sei se culpado sou pelo que agora sou [ou deixei de ser!]
20/05/2024
IMAGENS: FOTOS PESSOAIS