MEDITAÇÕES
Trafego na caoticidade urbana qu’eu "sou"
E, deste modo, caminho no desordenado espaço da cidade
que não é, de form’alguma diferente de mim
Eu sou a cidade em que n’ela moro e que ela [também] habita em mim
E assim não somos separados um d’outro
Eu e a cidade somos um
A vida de cad’um é uma tentativa de fuga do mundo
o qual d’ele não se pod’escapar ou d’ele s’evadir
Todavia, é o que [aqui] fazemos, não importa o lugar em que n’ele se acha
Vou para um porto em que n’ele avisto um barco ancorado
Tê-lo-ia um’alma a desejar (como eu) sair d’aquele lugar?
Ah! Acredito que o pior sentimento n’alma é o de "conformidade co’ela própria"
E quanto a dói no que é par’ela a maior prova de que é infeliz
É preciso ser "carajoso" para quer ... ir embora
É necessário, portanto, ser "revoltado" (incoformado, então) para querer dar o fora
E fugir
Fomos durante um tempo “nós mesmos”, oh! bênção!...
Mas depois, com o tempo, “deixamo-nos”
E nos esquecemos de que um dia (um tempo) "fomos"
E assim, infelizmente, morreremos
Onde fui alguém ontem o qual [hoje] já não mais "sou"
Lamentável sina esta minha (na verdade, de todo mundo)!...
Vivo meu tempo matando-o a tod’hora
E, por conseguinte, me matando
O que me faz assassino de mim mesmo
Praticando um “suicídio a conta gotas”
E raramente (ou quase nada) vivo o presente dia
A lamentar o que fui (ou deixei de ser) no passado
E, ridiculamente, preocupando-me com um futuro que de mim
(e de todos) s’esconde (o qual nem sei se virá!)
Nest’hora [em alguma parte] no mundo está havendo uma guerra
Ao que não é novidade
Na verdade, mais de uma
Oh! E acaso houve um tempo sem alguma [guerra] ao que existiu
um intervalo a se provar a paz?
E se formos ver bem, uma outra [guerra] já começa antes mesmo de
dar termo a atual
É sempre assim!
E os jornais nas bancas a nos “entreter” com os conflitos do mundo
Pois é!
A Mídia tem o incrível poder de conduzir nossas mentes para os “problemas
do mundo”, de forma a fazer qu’esqueçamos os nossos próprios problemas
E desta forma lembramos do qu’está havendo lá fora e descuidamos do que
existe (ou nos falta) em nossas próprias casas
Ou, n’outras palavras, preocupamos mais com a questão da fome no mundo,
ainda que falte comida e mantimentos em nossos lares
É simplesmente fantástico o poder que a Mídia tem sobre nós!
Viver é sem dúvida “se adaptar” no mundo em que n’ele se acha
Para não se perder ainda mais
(mesmo que seja n'um "mundo perdido")
De forma a não querer se empreender n’uma busca para justamente
tentar se achar
E com o tempo vivemos mais pelo “instinto” do que pela “razão”
Considerando que nos tornamos “selvagens urbanos”,
num mundo o qual n’ele vivemos sem entender a sua razão
Sim, com o tempo ficamos “desmotivados”
Todavia seguimos no mundo
Mesmo sem saber o motivo de s'estar n’ele
Vivendo apenas ... “por viver” (superficialmente)
E mais nada
Pois bem, confesso:
Não sei porque estou (ou estamos todos) aqui
Mas tenho certeza de qu’eu não sou o único a pensar assim
Em ninguém bate, pois, a saudade de se sentir vivo
Já que os mortos nada sentem
Digo isto porque raramente encontro alguém [aqui] vivo
Resumindo: vivemos uma vida falsa
Oh! Se a vida passa, quem a vê (ou a viu) para qu'então co'ela s'encante e a ame?
Mas a vida é nossa deste que não queríamos “possui-la”
E o mesmo se diz respeito ao tempo
E o qu’eu direi sobre a felicidade?
Chega a ser [para mim] curioso o quanto muitos querem “comprar a felicidade”
A se crer que ela seja qual uma mercadoria à venda
Ou como alguém a querer o amor d’outro “comprando-o” com presentes e mimos
ou mesmo com dinheiro
Não, definitivamente a felicidade não pode ser comprada (nem o amor)
Tanto a felicidade quanto o amor são transcendentes, mas sempre reais
E não são sombras que passam
Percebo a cidade em sua incrível construção
Ao que não me distancio d’ela, tal como tantos fazem mesmo estando n’ela
E tudo observo sem reprovação
Apenas a contemplo
E a amo...
Anonymous Real
18/05/2024
IMAGENS: FOTOS PESSOAIS
MÚSICA: “ANDANÇA” – Beth Carvalho