Minha linda amiga de alma cantante e coração radiante

Essa minha amiga querida sempre tocou violão e cantava lindamente. Após algumas perdas de entes queridos, ela se entristeceu e emudeceu.

Aos poucos, com muita delicadeza, atenção entre histórias, cafés e risadas, ela começou pouco a pouco a dar pequenos e delicados acordes no quintal, no arrumar a casa, brincando com sua cachorrinha.  Mas, quando a parabenizávamos, ela se fechava novamente como que não se permitindo estar alegre e cantar. Era como se fosse um insulto às irmãs.

A família, os mais próximos e eu sempre a estimulávamos, mas ela falava que perdera o entusiasmo, a alegria, as cores, o tom.

Em nossas conversas, eu a fiz recordar da alegria das irmãs, da delicadeza com que uma delas deixou sua marca no jardim: plantando rosas de diferentes cores representando cada uma das irmãs. No aniversário dela, eu resolvi fazer uma brincadeira suave para permitir que se soltasse e, ao mesmo tempo, relembrar das irmãs de forma mais alegre. Descemos ao quintal e fui conversando com ela se tinha reparado nos pequenos botões que surgiram justamente no dia do seu aniversário. Ela sorriu, se emocionou e balbuciando começou: amor, amor, amor. – uma das canções que cantava para os seus queridos.

Em outra vez, falei que estava aprimorando a voz para gravar e se ela podia me ajudar, como uma forma de trazê-la de volta a tomar gosto pela música.

Assim, fazíamos uns aquecimentos e eu pegava as letras de algumas canções e pedia para cantarmos juntas.

Aos poucos, com muita delicadeza e tranquilidade, fui filmando e enviando à família suas novas realizações.

A última foi essa do vídeo, no momento de conversa da tarde com café fomos relembrando e propus a ela cantarmos um pouquinho e, para minha alegria e surpresa, ela se permitiu.

O que me encheu de alegria foi a sua entrega, o seu contentamento e a sua fala. Gostei da experiência, vamos fazer novamente? E aí, quem sabe volto a tocar alguns acordes no violão. Meu

 O coração se encheu de uma sensação tão boa que, após a filmagem, enviei à sua família. A esperança e a alegria estavam voltando.

Naquele dia das mães cantaríamos aos pés das roseiras uma linda canção para cada uma delas: mães, avós, tias e irmãs que não estavam mais ali fisicamente, mas permaneciam no seu sorriso, na sua garra, na sua forma de levar a vida, no jardim interno do seu coração sempre lindo, florido e perfumado da minha amiga. Para elas, não havia distância, não havia separação, não havia ausência, pois o laço que as une é o amor.

 

 

Dricaa Barsanetti
Enviado por Dricaa Barsanetti em 15/05/2024
Código do texto: T8063981
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