Desabafo em Ex. Maior.

Ela - Sou péssima mãe!

Eu - Como pode uma mulher dizer isso de si mesma, não vê as quantas noites passou em claro acalentando sua cria, criando fantasias para colorir os dias dessa sua metade.

Ela - Péssima pessoa!

Eu - Quem a conheceu sabe da verdadeira alma que hoje julga-se horrível aos seus próprios olhos, e, para mim que a amei, nego aceitar tal fragelo.

Ela - Uma pessoa doente de tudo!

Eu - Quem não é?

Para ser realmente sadia teria que não viver, sim! Seria algo divino, sem qualquer indício de mortalidade, pois, são nas doenças que encontramos curas para todo nosso mal.

Ela - Fiz, faço tudo de forma horrível!

Eu - Quem poderá afirmar tal frase, quem poderá ao menos pensar nesta conjunção de palavras irreal, e, quem como eu que vivi a seu lado te asseguro, foi e fez de todos os meus dias tão belos quanto seu olhar.

Ela - Tenho que dar um jeito nisso!

Eu - De fato. Tente olhar pars trás sem as cortinas da perda, mas, com palco aberto a novos prazeres, novos amores, talvez até, abrir episódios para que novos personagens criem cenários paradisíacos onde você possa sorrir.

Ela - Não sei como?

Eu - Permita-se.

Ela - Não sei que dia e hora!

Eu - Depende de sua vontade de transpor esses obstáculos que a impedem de seguir.

Ela - Sou uma bosta de gente!

Eu - Se assim fosse eu teria vivido entre o esgoto e a perda, porém, se toda latrina esbanjasse todo sabor e odor como o seu... Meus Deus, enterre-me num campo de estercos.

Ela - De tutora e mãe.

Eu - Não há melhor. Lembre-se de Nala, chegou em casa praticamente morta, e seu amor à tornou linda e dócil. Quanto a seu filho, ele por si só pode traduzir.

Ela - Sou uma porcaria.

Eu - Se és. Eu que vivi contigo estou em que instância?..

Ela - Um verme!

Eu - Bom. Os vermes tem funções primordial na nossas vidas terrenas, uma importância essencial para manutenção e equilibrio do nosso ecossistema. Equilibre e mantenha sua vida afim de ter a importância na minha e de outros seres.

Ela - Meu fim vai ser aqui!

Eu - De todos nós, cabe apenas em como abraço-lo.

Ela - Eu já estou morta!

Eu - Kkkkk, Por favor, me dê a formula para estar morto e continuar a escrever.

Ela - Não tenho ninguém!

Eu - Isso é mentira! Tem a mim. Você apenas tem tentado afastar-nos com orgulho, com palavras rudes que permite te ferir.

Ela - Por que não mereço ninguém!

Eu - Será? Você quer um alguém? Já pensou como seria ter esse alguém com qualidades e defeitos próprios, sem tentar modifica-lo conforme seus pré-requisitos.

Ela - Não recebo ajuda.

Eu - Você as aceita? Quando aceita, elogia o esforço feito para te deixar feliz.

Ela - Não peço ajuda.

Eu - Aceite! Ainda que lhe pareça uma corda no pescoço, das inúmeras vezes que quis ofertar-lhe fui recebido com água fria.

Ela - Por que não quero incomodar.

Eu - Incomode. Sabe porque? As pessoas fazem na sua maioria das vezes, para quando deitar sobre o travesseiro, saber ter-te feito feliz ainda que por meros segundos.

Ela - Não quero mendigar.

Ele - O relacionamento tem disso, um pouco de cobrança, uma dose de preocupação, alguns punhados de atritos, e, consequentemente um eterno mendigar.

Ela - Sou lixo.

Eu - Vou te catar e levar para casa.

Ela - Podre.

Eu - Quero experimentar.

Ela - Mas Deus me quer sofrendo.

Eu - De fato. Esse ser de quem eu tenho ojeriza é neste ponto sábio, pois, sem sofrimento não tem crescimento, não tem como diferenciar a alegria do choro, assim sendo, como sem chorar, sua iris não teria como ser lubrificada.

Ela - Dia após dia.

Eu - Faz parte da educação espiritual.

Ela - Ele quer que eu sofra.

Eu - Para que você compreenda o valor de suas conquistas.

Ela - O quanto pior melhor.

Eu - Quanto pior, maior o aprendizado.

Ela - Quando eu morrer tem uma roupa no guarda roupa, dentro de um saco.

Eu - Apesar de ter o prazer de vê-la despida, eu não ia querer ser preso por atentado ao pudor e nem necrófila.

Ela - É uma saia verde e uma blusa com a fotos dos meus cachorros. Quero ser cremada com ela.

Eu - Ok. Anotado.

Ela - Meus cachorros talvez consigam um lar.

Eu - Com certeza farei de tudo para eles terem o melhor.

Ela - Se não conseguir, mate eles. Para que eles possam me encontrar em algum lugar. Ou somente para não dá trabalho pra ninguém mesmo.

Eu - Eu até faria, mas, deixei minha vida de crime quando aceitei Jesus.

Ela - Pedi a Carol @adotepatas me ajudar a encontrar um lar quando eu não estiver mais aqui.

Eu - Quando. Se. Por ventura. São palavras que não cabem na sua vida. Se fosse acabar com ela já teria feito, além do mais, se fizer com quem vou passar minha velhice.

Ela - Espero que ela consiga.

Eu - Eu não. Quero-os com aquela a quem eles adquiriram confiança.

Ela - É isso...

Eu - Ok. Tendo ouvido toda sua ladainha na tentarias de te mostrar o que no fundo sabe, espero que você erga a porra da cabeça, olhe de frente para a vida e não de canto, preserve os seus, ame-se como te amei um dia, e, o mais importante, alegre-se. Um beijo na sua boca, daqueles que trocávamos em belos momentos. Estou aqui caso resolva trair a depressão.

Texto: Desabafo em Ex. Maior.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 13/05/2024 às 23:24