Privar

Se você colocar numa garrafa

A água do mar

Ela nunca mais formará uma onda

Se você arrancar os galhos de uma árvore frondosa

Ela nunca mais te ofertará movimentos

Se você retira uma concha que na praia te falou segredos

Ela não ae abrirá contigo

Quando estiver na sua penteadeira

Se pegares o cavalo que corria livremente e o encilha e coloca cabresto

Quando montares nele não sentira na sua pele a mesma liberdade

Quando arrancas do solo a batata que espalhou as ramas pelo chão

E faz algo apenas em pró de si

O sabor das boas intenções não se espalhará em seu paladar

Se o amor que tens guardado em teu coração para mim e que espalhas para outros ouvidos que não seja o meu

Abre parênteses

No singular mesmo, afinal, escuto apenas com um

Fecha parênteses

Quando me entregarem será com ruídos e ao modo que o outro enxerga

Não serás mais o teu amor por mim

Serás o seu amor que fez com que o outro me amasse também

Eu anseio pelo teu amor

Sem ruídos

Sem os seus disfarces

Quero ouvir de você

O que você fala para os outros

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 13/05/2024
Reeditado em 13/05/2024
Código do texto: T8061999
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