Um Lamento na Escuridão
Neste abismo, profundo e sombrio, onde as sombras se entrelaçam e os ecos do silêncio ecoam como murmúrios de almas perdidas, derramei a essência do meu ser, como um cálice vazio buscando preencher-se com a dor e a melancolia que permeiam este lugar esquecido pelos deuses. Os que ali jaziam, resignados ao destino traçado por mãos invisíveis, será que pacto haviam feito para habitar tão lúgubre morada?
Enquanto minha alma se esvaía, como um rio que serpenteia em direção ao desconhecido, meu ser se consumia em lamento perene, como uma prece murmurada ao vento, buscando encontrar eco nos corredores da eternidade. Ecoavam risos insolentes, sarcásticos, como se os próprios deuses se regozijassem da minha desventura, da minha penitência neste vale de sombras onde nada mais possuía senão a própria dor.
Sem forças para partir, como um náufrago perdido em meio à tempestade, meu pranto foi substituído por um consolo amargo, a resignação dos que já se submeteram ao padrão implacável do destino. E ao final, aqui permaneço, diminuído, como uma vela que se consome lentamente até que reste apenas a fumaça a pairar no ar.
O afastamento foi minha única salvação, um ato de coragem ou desespero, para resgatar o melhor de mim que havia se perdido nas entranhas deste abismo sem fim. A essência perdida jamais retornou, como uma estrela cadente que se perde na vastidão do céu noturno, mas com o tempo, ainda aqui estou, como uma sombra que se recusa a desaparecer completamente, aguardando o dia em que a luz finalmente há de me encontrar.