A ANARQUIA DAS CONCEPÇÕES
Muitos dizem que não existe uma natureza humana ou uma natureza fixa e universal no homem. Mas eu me pergunto: até onde isso é consistente e veraz, haja visto o tempo em que vivemos: profundamente instável e volátil no que se refere às definições e concepções das coisas? Até onde é honesto e valido dizer tais palavras num mundo onde tudo é concebido e depois desconstruído como se um determinado fenômeno pudesse ser mudado apenas com a vã convicção dos intelectuais? A nossa era, tão influenciada pelas concepções iluministas, positivistas e cientificistas, não nos deixa alicerces seguros para sedimentar uma verdadeira concepção do que é ser humano e, muito menos, das noções de transcendência, imortalidade, fé, etc. Já é possível dizer qualquer coisa, qualquer tolice enfeitada de palavras pomposas, e, ainda assim, não dizer nada de edificante. A alma fica tão sedenta quanto antes de sua busca por uma explicação acerca do sentido da vida humana na terra. Hoje é possível inverter os valores sem qualquer crise de consciência, minimizando a importância do que assegura ao homem a sua liberdade, a sua espiritualidade e o seu destino eterno. Apesar de tantas incongruências e perversões deixadas no caminho do pensamento humano, continua sendo pertinente o bom senso da sabedoria para iluminar a escuridão de nossa civilização. Sendo ela um dom divino concedido ao homem, é possível alguns cuidados para não cairmos nas ciladas de dizer qualquer coisa só para agradar um grupo ideológico ou para desmentir o que outrora trazia estabilidade para o vir a ser humano. É pela sabedoria que o ser humano ergue os fundamentos responsáveis pelos valores da civilização, sem o qual só subsiste o caos e a deprevação no seio da linguagem.