Um Desabafo Pagão.

Deus virou uma peça de compra e venda, o fiador dos tantos fiéis que adquirem algo e no final manda a cobrança para ele sanar.

Deus lhe pague!

Deus lhe dê em dobro.

Deus te ajude.

Em nome de Deus senhor...

São tantos argumentos e frases formuladas ao longo dos anos que de saturado é banslizado.

Uma certa feita, estava passando próximo ao Américo Simas quando avistei um senhor tentando arrumar suas moletas na bike em que estava. Parei para ajuda-lo colocando as mesmas amarradas no quadro, eu sempre andava com sacos de Horti-Frutti na mochila pois tenho seis cachorros. O mesmo me agradeceu falando assim:

- Deus lhe pague.

Eu prontamente falei:

- Não senhor! Não meta Deus nisso, primeiramente não há dívida aqui, segundo, porque Deus teria que pagar um custo seu? Como dito, não há uma dívida aqui, fiz porque é o mínimo que se pode fazer ao ver uma pessoa precisando. Tem mais, se acha estar em dívida comigo, façamos assim. Quer realmente me pagar, ao ir para seu destino e no caminho deste encontrar ou na sua vida alguém precisando de algum gesto seu, doe, assim você estará me pagando, e, quando perceber, o mundo todo estara ajudando uns aos outros e Deus então descansara seu banco divino das dívidas que nos adquirimos. Tchau.

O homem ficou a me olhar indo embora, não sei ele entendeu metade do que falei, ou pior se fará como dito, mas, seja como for, a minha parte foi feita. Não quero Deus envolvido nos meus negócios, muito menos, pagando minhas dívidas.

Olho perplexo tantos cristãos usando o nome de Deus em vão, usando palavras destacadas da Bíblia em seu prol, ludibriando tantos outros ignorantes do saber divinal. Pregam o santo nome do Pix, do Carnê, e, do Envelope, afim de monetizar a graça, e a garantia de passagem para o céu. Tenho andado nas inúmeras igrejas, fui convidado (Expulso) a sair por força maior.

Tenho medo a noite quando for dormir, penso nas tantas palavras proferidas contra esse abençoado ser, contra seu templo, sobre o tempo de repetições milenares hoje transformadas em sagradas no capítulo Apocalíptico. Temo ver Deus adentrar meu covil, sentar olhando-me com fúria, pegando minha taça de vinho, tomando um gole, só porque és o Senhor. Num rompante entre palavras grosseiras e palavrões em línguas estranhas que, estranhamente seres como nós diz ter conhecimento a fundo, dando-me aquele sermão cujo a última vez ter ouvido foi em 1989 quando quebrei a vidraça do vizinho. Nessa hora fico pensando qual castigo seria me dado, até mesmo, se seria merecido, e, fecho os olhos para tentar não viver por oito horas a danação da realidade.

"...Bem aventurados sejam os ignorantes, pois, os sábios, herdarão o inferno..."

Amém!

Texto:

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 08/05/2024 às 16:42